Uma espinheira, tomada de cima a baixo
de espinhos, sentia-se muito segura no contexto duma estrada de roça. Ela,
depois de um ano, multiplica sua descendência, quando, aos rebentos, conta a
tradição familiar da espécie.
Os
animais, com os hábitos próprios de cada criação, perpassam pelo trajeto,
quando respeitavam deveras as inconveniências (dos espinhos). Alguns,
unicamente no maior desespero do temor, procuravam refúgio no interior, quando
viram-se aranhados e doloridos pela eficiência da proteção. Advieram pássaros,
na época da frutificação, para digerir as polpas e, lá adiante, defecar
sementes pelos diversos ambientes. O
orgulho consistia no começo, quando toda a proliferação iniciava com uma singela
e dispersa semente.
Os
dias e meses transcorriam no ínterim da aparente segurança! Adveio, numa oportunidade, um
colono, quando, andando pelo caminho, deparou-se com o obstáculo. Este, num
passe de mágica, pisou na parte aérea e vislumbrou a raiz. A aparente
desproteção, resultou no arrancar da planta inteira pela parte imune aos
espinhos: “Calcanhar de Aquiles”.
Esta,
em meio a maior agonia do ressecamento, tratou de comentar uma realidade com as
semelhantes: “-Contra os humanos não tem! Estes arrogam-se a primazia da criação!
Encontram solução aos maiores obstáculos. Mantenha a maior distância deles em
função de não terem ‘dó ou piedade’ com
os próximos (do reino animal e vegetal). A sua presença faz tremer qualquer
espécie!”.
Quaisquer poderes, apesar da aparente segurança,
mostram-se efêmeros! Cada espécie mantém seu ponto fraco, no qual o inimigo
trata de conhecer e atacar! Tratemos de vivenciar a glória de cada dia, porque
o amanhã revela-se uma incerteza!
Guido Lang
Livro “Histórias
das Colônias”.
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://www.freewebs.com/porttucales/novidades.htm