Uma prática
centenária sobrevive as ondas das gerações e inovações. Trata-se, na
convivência comunitária, do tradicional bom dia, boa tarde, boa noite, oí,
olá... Os moradores, em meio a achegada em quaisquer espaços e presença de semelhantes,
externam o suplime desejo. Ele, na prática, mostra-se uma maneira de
aproximação e consideração (entre as partes).
O cumprimento,
inúmeras vezes acrescido dum aperto de mão, externa as boas maneiras e vindas (dos
relacionamentos entre familiares, amigos e vizinhanças). Uma prática rotineira
no cotidiano das famílias e colônias. Um modo de conhecerem-se, estabelecer
relações iniciais, externar graus de parentesco... Uma obrigação de expressar a
civilidade e humanidade.
Os filhos, nos seios
familiares, cedo são orientados a dizer um sonoro cumprimento. Externar, nas
idas e vindas da convivência comunitária, o hábito como sinônimo de cordialidade
e educação. Os provalecidos, no entender comum, relegam a prática. Estes, achando-se
superiores, deixariam de fazê-lo. A atitude gera comentários impróprios (na
proporção de ser relegado). Inimigos acirrados, por querelas várias (como
exemplo divisas, inventários e ofensas), deixariam unicamente de fazê-lo (de
forma mútua). Algum forasteiro, como novo morador, poderia deixar de fazer a prática
(em função do desconhecimento). A realidade cedo ensina o diverso e integrar-se
a realidade.
A urbanização, com a
massificação humana, tem ensinado a indiferença. Humanos, na compreensão
religiosa da “imagem e semelhança de Deus”, unicamente ignoram-se como animais.
Um pisa no calo d’outrém e nada de boas maneiras. O cumprimento, para algum
muito próximo ou semelhante, vê-se uma forma de saudação. O fato (cumprimentar)
ocorre nas cidades menores e é escasso nos centros maiores. A indiferença mostra-se
uma espécie de desconsideração e gera desconfiança. Um sorriso nos lábios, acrescido
dum cumprimento, aproxima e enobrece espíritos e rostos.
Os deslocamentos, com
os diversos veículos (automotores rápidos e velozes), tornaram a prática inoportuna.
O cuidado, no trânsito, mostra-se redobrado (com as muitas histórias de
acidentes e tragédias). Olhar para os lados, como descuido, pode representar
aborrecimentos e transtornos! Moradores, dentro das possibilidades, abanam-se, num
“vap e vup”, nos carros. Este tem sido os novos ares da velha prática.
Singelas atitudes, no cotidiano da existência, fazem agradáveis
diferenças. Inúmeras localidades, em meio as décadas de colonização, mantém vivo
resquícios dos costumes e hábitos originais. O cumprimento, claro e sonoro,
revela-se prenúncio de amizade, consideração e educação. Modestas atitudes, no
quadro geral, fazem muita diferença.
Guido Lang
Livro “Histórias das
Colônias”
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://minicursoespanhol.blogspot.com.br/