Uma certa criança,
desde a tenra idade, assimilou detalhes da agricultura familiar diversificada
de subsistência. Aprendeu, como membro colonial, diversas e singelas tarefas.
Elas, depois de bem explicadas e mostradas na prática do exemplo, tornaram-se
cedo uma necessidade e obrigação. Prevalecia, no seio doméstico, uns princípios
básicos: “onde todos labutam, ninguém trabalha demais”; “quem quer viver,
precisa produzir”; “a ocupação fortifica e enobrece o espírito”...
Uma concepção básica,
em função da diversificada produção econômica, consistia com o manejo dos
terneiros. Eles, de forma geral, apartados das vacas (mães precisaram uma
atenção e trato diferenciado em função do fornecimento do leite). Eles, no
contexto das instalações coloniais, ganhavam um espaço próprio (de manejo e
permanência). Seres ingênuos e tenros, como em quaisquer espécies, merecem e
precisam de carinhos e cuidados excepcionais.
A família, ao
rebento, ensinou uma manha prática dos terneiros. Os animais, para serem
conduzidos/mudados de lugares, não adiantava bater, empurrar, puxar... Os bichos,
pelo instinto, empacavam/procuravam oferecer resistência. A habilidade, na
condução, mostrava-se muito simples, porém num primeiro momento nem tão higiênico.
O segredo consistia em dar algum dedo para eles lamberem/mamarem. Estes, em
função da estratégia/mimo, corriam ou seguiam o condutor em quaisquer direções.
O criador fazia a maior graça através do instinto animal. Uma aparente
dificuldade tornara-se uma sã brincadeira.
O idêntico aplica-se
aos relacionamentos humanos. O dom da hábil palavra, em qualquer direção, conduz
ou direciona os semelhantes. Precisa-se conhecer unicamente os seus poderes. Estas,
na prática, complementam-se com favores e gestos. O real poder encontra-se nos
elogios das qualidades alheias. Conhecer e enaltecer o lado especial dos
próximos (cada um tem o seu). Estes, nos momentos próprios, falam e revelam o
fundo da alma. As pessoas, dependendo do
encanto, doam/entregam o mais íntimo de si. Elas, acrescido dos carinhos,
procuram ser amadas e amar. Os vocábulos tem um poder infinito de aproximar e
externar os sentimentos.
O comunicador precisa
saber o encaixe certo/palavras próprias para os momentos respectivos. Este externa
os desejos mais profundos e sinceros do espírito. Ele enobrece e maravilha a alma alheia. O
próximo precisa sentir-se alegre e feliz (com a injeção de ânimo e virtude). A
lógica, com o silogismo, presta um serviço inestimável ao falante. Este conduz
os próximos como o dedo conduz o animal.
Palavras tem um poder incrível de ajuda ou destruição.
Quem explana, esquece as falas; quem ouve, grava certas afirmativas à vida.
Sejamos em todos os momentos e situações um instrumento do amor e paz. Usemos o
vocabulário próprio para os momentos impróprios.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem: maechegouvisita.blogspot. com