Um certo proprietário, com o abandono dos filhos do
meio colonial e a propaganda do sucesso financeiro na silvicultura, encheu as
terras com mato. O eucalipto, junto a alguma acácia, tornou-se rei numa
magnífica terra plana. Um solo arável e fértil, próprio à mecanização (agrícola)
e possibilidades de três safras (anuais), para produzir madeiras. A silvicultura,
no máximo, uma colheita a cerca de sete a dez anos (investimento com retorno
monetário muito demorado).
Um colega agricultor,
com variado implemento e maquinário, disse-lhe: “- Não faça essa loucura! Deves
abster-se de seguir os receituários do pessoal com terras nas baixadas
(encharcadas/úmidas) e morros. Pensa em criar algumas vacas/terneiros. Eles dão
carne/leite ao abastecimento familiar e urbano”. O proprietário, no contexto da
empolgação (com a onda do eucalipto), pouco ouvido dispensou. O princípio
dominante, na época (entre os anos de 1980 a 2000), consistia em “deitar na
cama e deixar o pau crescer”. Um mato esbelto e saliente, na sua outrora área
arável, cedo formou-se no contexto colonial. Uma vigorosa plantação de
eucalipto, em meio à comuna, acabou vislumbrada (de longa distância por
forasteiros e moradores).
Uns anos
transcorreram e a fartura de madeira tomou corpo/sentido. O carvão e madeiras
(em metro) tiveram baixo preço. Dificuldades de colheita e falta de mão de obra
tomaram vulto. Ninguém almejava colher. Eventuais interessados queriam avolumar
fortunas (“desejam ganhar horrores”). Os dispêndios, com contratação de
cortadores e maquinário, consomem as eventuais possibilidades de lucros. Estes,
diante do novo quadro, nem custeiam aos encargos do maquinário de arrancar as
cepas/tocos. O eucalipto cria tocos e inviabiliza as possibilidades de mecanização.
Fica difícil e oneroso reaver as outrora áreas agrícolas e devastar o mato. Ele, com a brotação massiva, cedo retoma o
cenário original. A legislação ambiental coloca empecilhos em reaver espaços
agrícolas e, no final, deixa-se de gerar renda familiar e tributos.
O proprietário,
depois de uns anos, retomou a conversa com o plantador. Sentia-se profundamente
arrependido por não ter dado ouvidos ao conselho. Deixou de criar terneiros
(carne aos seus preferidos churrascos), plantar milho (à silagem), soja (à
exportação e rações)... Deixou de faturar/ganhar boas somas (com a carne, leite
e soja “as nuvens”). O rural, numa conversa informal, reforçou o
arrependimento: “- Precisas, no momento, assar eucalipto como carne! Adoras
tamanho o teu churrasquinho de final de semana e paga exorbitâncias às carnes.
Como vais derrubar todo esse mato? O lucro não cobre os dispêndios de máquinas?
Imagina essa formidável área tomada de milho, soja, trigo? Quê capital?”. O
cidadão sentiu remorsos da outrora precipitação e impróprio investimento.
Áreas próprias à mecanização inconvêm reflorestar. Certas
atitudes precipitadas causam arrependimentos e remorsos. Os negócios agrícolas
oscilam muito aos sabores do contexto das oscilações econômicas. Algumas
concepções ambientais merecem uma revisão de legislação.
Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://peladadealdeia.wordpress.com/2010/06/22/churrasco/