Guido Lang
O
lazer colonial, até os anos de 1960, era bastante escasso no contexto das
colônias, onde carecia-se das facilidades de comunicação e locomoção para os
diversos eventos comunitários.
Os
colonos, de maneira geral, divertiam-se nos bailes anuais das entidades, nas
carreiras de cavalos, nos festejos familiares, kerb, partidas de futebol..
Um esporte
bastante apreciado eram as tradicionais carreiras de animais, que se sucediam
nos potreiros das colônias..
A
multidão, nos eventos previamente divulgados, afluía maciçamente às
competições, nas quais faziam-se vultuosas apostas nos animais. Um barulho
(carteado), sobre um pelego estendido no chão, ganhava importância, nos
intervalos da diversão, pois nem sempre havia cadeiras e mesas para as partidas
improvisadas.
Os moradores
submetiam-se à realidade de carências, porque desconheciam maiores confortos e
vantagens naquele pacato e rústico modelo de vida.
Um apostador
e o dono de um cavalo corredor fizeram um negócio para alimentar e investir no
aprimoramento do excepcional bicho. O dono entraria com a mão de obra, com a
finalidade de tratar o animal e com os rotineiros treinos de corrida. O fanático
apostador entraria com o trato (alimento) no qual não poderia faltar a abundância
de milho.
O colaborador
caprichou no investimento, pois sentia paixão pela corrida de cavalos, e
apostava suas economias no corredor de sua preferência.
O dono,
numa falcatrua, desviava o cereal para o trato suíno, enquanto o colaborador
nem desconfiava do roubo. O cavalo, numa aparente combinação, ganhava somente
as corridas de menor número de apostas e perdia aquelas de maiores quantias.
O colaborador
perdeu muito dinheiro com a história e praticamente faliu no seu negócio
particular até descobrir a veracidade do engano e roubo.
A malandragem
sempre existiu nas mais diversas e modestas organizações sociais, pois enganar
e roubar parece fazer parte do gênero humano.
(Texto extraído de “Contos do Cotidiano Colonial”, página
84, de Guido Lang).
Crédito da imagem: https://www.clasf.com.br