Havia uma modesta menina, que morava nos confins das colônias. Esta, na impossibilidade dos cuidados da mãe em função do trabalho, não tinha com quem ficar! A genitora daí conversou com a idosa vó, que, como apreciadora de crianças e vizinhos, aceitou o desafio da guarda. Ela, apesar do acúmulo dos anos, aceitou a companhia, quando, no entanto, atribui-lhe certas tarefas. A menina, como exemplo, necessitou varrer a casa, recolher os ovos, tratar animais, lavar peças... A anciã, no seu dialeto, falava “num pequeno peão”, quando, nas suas dificuldades de locomoção não podia concretizar certas incumbências e tarefas. Avó e neta estabeleceram um relacionamento afetuoso, quando concretizou-se amizade, aprendizagem, consideração, conversação...
Adveio o dia fatídico da partida da idosa, quando a menina chorou profundamente a perda da ente querida. Via-a deitada, bem vestida, fria e serena no caixão, com vistas de fazer a “viagem ao repouso derradeiro”. Uma despedida emocionante do último adeus e da visão final, quando, ao longo da vida, ficariam somente saudosos reminiscências. A criança, como última tarefa a especial vó, recebeu a nobre e sublime missão: “o pai deu-lhe a cruz com a inscrição do nome para conduzir o cortejo fúnebre ao local do descanso final”. O caixão, coveiros, familiares, vizinhança e religioso seguiram os passos e o séquito eternizou estes momentos na crônica familiar.
A menina, futura moça, mãe e vó, jamais esqueceu os ensinamentos, pois aprendeu o amor e a paixão do préstimo e do trabalho. Conheceu a importância da convivência de avós e netos, quando gerações entrelaçaram-se nas experiências e vivências.
Quem ensina com amor e consideração, administra centelhas divinas.
Obs: O sucedido ocorreu entre 2006 e 2007 entre Annilda Strate Lang e Greice Jaqueline Lang.
Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”