Um colonial, no
contexto da propriedade, plantou diversas sementes de abacate.
Os abacateiros, como
plantas de clima equatorial, ganhavam abrigo nas encostas e morros. As geadas,
no sabor do inverno, careciam de fazer os danosos efeitos (tão comuns nas
baixadas na proporção dos avanços das frentes frias nas zonas subtropicais).
O morador, depois de
uma aproximada década de espera, conheceu a produção de graúdos e majestosos
frutos. Uma saborosa maravilha para o consumo familiar e animal. Um excepcional
atrativo a esfomeada fauna!
O plantador, em meio à
massiva produção, tratou de ofertar exemplares como gentilezas (aos amigos e
vizinhos). As frutas, com tamanha qualidade e quantidade, apodreciam (ainda
assim no interior da roça). Um tremendo desperdício, no entender colonial, em
meio a muita gente carente do artigo nos espaços urbanos.
O cidadão, na sua ida
a sede distrital, resolveu aproveitar a oportunidade. Ele pensou em
experimentar a comercialização dos abacates. Este procurou apanhar uma porção das
mais bonitas e graúdas. As unidades foram colocados num saco e carregados até o
leiteiro (o outrora tradicional caroneiro das colônias).
O produtor, achegando-se
na aglomeração, passou a ofertar o produto. Este, a título dos encargos, quis
cobrar um simbólico valor monetário. O pessoal, de várias maneiras, tratou de esquivar-se
de dispêndios. A compra desinteressava-lhes como artigo de primeira necessidade.
O peso de carregar,
numa altura para cá e para lá, levaram-no a despejar a mercadoria (na beira da
estrada). Curiosos e gurizada, de imediato, trataram de apanhar as unidades. O
pessoal, na prática, queria as frutas de cortesia, porém nada de maiores gastos
financeiros.
O morador, como
inúmeros habitantes rurais, então preferiu deixar apodrecer as toneladas de frutas (tão
comuns em períodos de safra). O trabalho de produzir, apanhar e levar para comercializar acabara não valendo a pena.
Abrir praça em época da safra significa investimento em
tempo e transporte. O lucro da produção, para quem vende, costuma ser minguado;
o custo para quem compra se mostra oneroso (em função dos encargos). Certos
exemplos e experiências revelam-se uma escola prática da vida.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem: http://rmtonline.globo.com