As estiagens, há
cada década, abatem-se sobre o meio colonial, quando as colheitas mostram-se
escassas. Os animais e homens sofrem a falta de grãos, enquanto culturas
ostentam-se miúdas e raquíticas. A falta de chuvas diminui os reservatórios da
água e resseca o solo, quando o cenário rural assume ares de desolação. Os
humanos, há cada dia, elevam os olhos ao céu, no que a decepção abate-se no
contexto natural. As conversas generalizam-se sobre as condições
meteorológicas, quando cada prenúncio de precipitação torna-se sinal de
esperança. Os produtores nunca podem perder as esperanças, caso contrário,
desistiriam da atividade econômica.
Uma ou duas estiagens, há cada dez
anos, ocorrem nos espaços regionais, no que o colono precisa “pagar para
produzir”. A situação obriga a comprar trato com vistas de manter o plantel,
pois como vacas e porcos, custam a constituir. As rações cedo sobem as alturas
no comércio, enquanto os preços da produção custam a elevar-se nas cidades.
Alguém “precisa marchar” com o prejuízo, que costuma recair, em função do baixo
poder de barganha, sobre o colonial. Este queima parte dos esparsos dividendos
acumulados nos períodos de maior produção. O produtor conhece a velha lógica da
oferta e da procura: excesso de produção – preços baixos; ausência de produção
– preços elevados.
A realidade, no meio rural, criou
duas velhas sabedorias. A primeira reza: o excesso de produção nas colônias
mostra-se tão prejudicial como a ausência. Os produtores precisam receber os
valores baixos dos atravessadores. A ausência de produção não tem o que
comercializar e força a importação. A segunda versa: os efeitos da seca advêm
um ano depois! A falta de reserva de grãos eleva o preço da carne às alturas.
Estoques baixos obrigam a importação
de cereais, quando labuta-se com baixos níveis nos plantéis e no vermelho na
manutenção destes. Procura-se, nestas situações, “extrair água de pedras” no
que os recursos das propriedades são exauridas ao extremo. Administrar uma
propriedade da agricultura familiar de subsistência exige conhecimentos e
habilidades econômico-financeiras, que é realidade de economista.
Colono costumeiramente ostenta-se deveras econômico
e poupador, quando pouco conta em valores monetários o preço da sua mão de
obra. Aprendeu, nas experiências da tradição familiar do manejo da terra, não
ser fácil constituir-se colono em paragens brasileiras, quando a
oscilação/instabilidade econômica mostra-se frequente.
Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://blogs.diariodepernambuco.com.br/politica/?tag=seca