As corticeiras, no contexto do mato
natural, revelam uma discrição, quando mesclam-se no conjunto das demais
espécies. À exceção ocorre no contexto do aquecimento de agosto, quando, os
ares da primavera, inspiram uma bonita floração. Elas, junto aos floridos dos
ipês, rivalizam na beleza e formosura do cenário.
Sucedeu-se, no contexto da história
comunitária, um acontecido impróprio com as plantas nativas. Elas, nos anos de
1965 a 1975, “foram caçadas de forma excepcional”, quando “adveio um modismo do
ciclo econômico do calçado”. As encostas e morros viram-se devassados com razão
de extrair as madeiras que forneciam matéria-prima à confecção de saltos
femininos de uma fabricação de tamancos/chinelos/sapatos. Algum modelista, em
função da madeira leve, tinha elaborado um modelo que “cedo tornou-se um
furacão”. As mulheres usavam de forma generalizada e o sucesso impunha um preço
elevado à madeira.
Compradores da matéria-prima, junto
aos colonos, passaram para fazer propostas atrativas. Estes, costumeiramente
com o dinheiro recebido no ato, deram autorização à derrubada “no contexto de
uma ausência de maior legislação de proteção ambiental”. O florido, uma milenar
qualidade da espécie, tinha-se tornado impróprio, pois a longas distâncias, das
baixadas em direção das encostas, revelava-se sua localização e presença. A
tamanha caçada ameaçou a extinção da espécie, porque incorria-se no perigo de
não fazer sobrar exemplares às sementes.
Umas menores, com troncos pouco desenvolvidos, deram-se o encargo de
salvaguardar a nobre espécie. Cortadores, diante da ganância do lucro (através
do poder do dinheiro), desafiaram íngremes encostas e pedregosos espaços para
extrair volumosos troncos. Cortados, arrastados morro abaixo, viam-se carregados
em carroçadas e evacuadas na direção das estradas gerais ou direto nas
serrarias (artesanais instaladas nas colônias).
Uma
época de outras necessidades e preocupações, porém o idêntico pela ganância
pelo monetário. Exemplares esparsos, na atualidade, mantêm-se enobrecendo os
cenários coloniais, quando refletem a riqueza ambiental da Floresta Subtropical
Pluvial/Mata Atlântica. Deus, o Criador, sempre faz sobrar algumas sementes de
cada espécie com vistas de dar uma salvaguardar a cada qual. Mantêm, desta
forma, a grandiosidade da sua ímpar obra, quando caçadas implacáveis, de tempos
em tempos, não conseguem extinguir espécies.
Guido Lang
Anexos das “Histórias das Colônias”
Crédito da imagem: http://www.flickriver.com/photos/tags/corticeira/interesting/