O malandro, ao trouxa do
chacareiro, trouxe um galo de rinha. Este, tendo mais exemplares da espécie,
tratou de fazer algum escambo. Procurou, num primeiro instante, deixar a ave
adaptar-se ao ambiente. O ingênuo impressionar-se com o bicho. Transcorreu,
algumas horas, pediu trocar por galinhas (caipiras). O morador, bom vizinho e
gentil, aceitou a proposta “na santa fé”.
Os dias transcorreram e o
dono notou o estranho comportamento. O galo ostentava-se indiferente as
galinhas. Os machões, rivais, abstinham-se de temores dele; nada de maiores
confrontos. O animal, de forma incomum as aves, andava sólito pelo
pátio. Outra atitude imprópria: nada de constituir e dormir com seu harém. O
proprietário dizia: Que ave mais estranha! Nunca vi um galo desses! Tem algum
“coelho ensacado” nessa história!
A família, numa certa
ocasião, assentou-se à conversa informal e o tradicional chimarrão. Objetivo:
“colocar as conversas em dia e trocar umas e outras fichas”
(informações). Procurou curtir o ambiente calmo e natural da chácara. As
galinhas, no pátio, ciscavam e descansavam (no sabor do calor). Uma poedeira,
numa altura, assentou-se para “querer receber os serviços masculinos”. O
aparente chefe alisou e roteou, porém nada de sua instintiva e nobre
missão. Ele mantinha a “indiferença e impotência diante da fruta”. O criador
primeiro, como rinhadeiro, tinha aplicado uma (para impossibilitar difundir a
variedade e tirar cria).
O dono, noutro dia,
não teve a menor dúvida: abateu o galo “para colocar na panela”. A
situação revelou o impensado: galo castrado/infértil. O rinhador, com razão de
não difundir sua especial criação, havia pregado uma astuta peça.
Ele comercializou “a semente infértil!” A ave consumiu um punhado de trato e
nada de maior proveito. O comprador compreendeu a razão das chacotas (de amigos
e conhecidos). Estes faziam referências em querer comprar ou trocar o
galo. Eles sabiam da falcatrua e aproveitaram a situação para tirar zarro. Umas
boas gargalhadas fruto da ignorância alheia.
As interrogações futuras,
diante dos gozadores, foi no sentido da destinação. O proprietário falou da sua
comercialização a outro criador (distante). Ele fez referência ao recebimento
de excepcional preço. O antigo dono, diante da ganância e mentira, ainda
lamentou pelo negócio. O carneador deu-se conta das “transações viciadas de
certos elementos”. Estes estragam-se por mixaria e desprezam a memória futura.
Ostentam-se desonestos e inconfiáveis. Desperdiçam valiosas chances e
oportunidades de eventuais novos/outros negócios.
Quem se estraga por pouco,
o muito não merece. Certos ganhos injustos e momentâneos, na prática, causam
descréditos e prejuízos maiores (em função da perda da confiança e dos
falatórios). O que não queres para ti, trate de não repassar aos alheios!
Certas práticas vêem-se perdoadas porém jamais esquecidas. Um singelo detalhe,
no âmbito geral, pode fazer uma tremenda diferença.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano Colonial”
Crédito da imagem:http://papasbolosetolos.blogspot.com.br/2009/08/o-campones-resolve-trocar-o-seu-galo.html