Os coloniais, de
forma centenária, tiveram o hábito de criar galinhas caipiras. Elas, no
contexto dos pátios coloniais, ganharam presença, quando fornecem carne e ovos
ao abastecimento familiar. Sobras, em singelas quantidades, vinham-se
comercializadas nas vendas, quando somavam troco às exigências, de última hora,
da casa. As aves, como complemento, forneciam algum esterco ao cultivo de
hortas e jardins, quando o adubo proporcionava maravilhas! Uns belos galos,
como passatempo, animavam o silêncio dos pátios com seus “cocoricós”. Fala, a
tradição, que diante da porta, possuem a função de anunciar visitas.
Os inconvenientes, com esta
história, relacionavam-se a dispersão dos ovos quando, as galinhas índias,
fazem ninhos nos diversos espaços. O desperdício de ovos têm sido grande e
chocas, volta e meia, advêm com ninhadas de pintos. Estas, pelo instinto
nativo, precisam de terra/natureza, no que “proliferam-se como aparente inço”.
Um pouco de trato, como complemento, “fazem os ir ao mundo quando viram-se com
razão de sobreviver”. Adoram ciscar no contexto dos brejos, roças e matos,
quando revelam-se presas fáceis aos inimigos silvestres (eraras, graxains,
raposas...). Alguns colonos, no contexto do inverno, cultivam aveia, que leva
as aves a pastarem como se fossem herbívoras. O curioso, apreciando o
comportamento nas entrelinhas das galinhas, relaciona-se ao assemelhado dos
dinossauros, no que representa, na prática, uma mutação destes “aos ventos das
mudanças da natureza”.
Uma criadora, no ínterim das demais criações, criou uma maneira de evitar os excessivos desperdícios
dos ovos. Procura, de manhã, deixar os galináceos presos, enquanto não puserem
os ovos. Estes, uma vez colhidos, soltam-nos com vistas de andar e ciscar nas
redondezas da moradia. Nenhuma ave, para não perder o controle, pode dormir em
árvores e estábulos, quando todas se vêm abrigadas no aviário/galinheiro. A
robustez, em função das caminhadas e consumo generalizado de alimentos, dá a
qualidade da carne, que oferece as apetitosas galinhadas. A legislação inibe a
criação livre das aves, porém esta é uma realidade corriqueira nas instalações
coloniais.
O desafio diante das dificuldades dos
empreendimentos consiste em encontrar soluções viáveis! A criação centenária
acumulou todo um conhecimento empírico que os coloniais conheceram de gerações.
Umas famílias, durante décadas, vêm-se conhecidas pela acentuada vocação
agrícola nesta nobre atividade criatória.
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)
Crédito da imagem: http://www.fotoplatforma.pl/pt/fotos/3578/