O inativo, no inserido
urbano, conserva-se funcional e benfeitor. O trabalho, na aviva horta, absorve fatia
do tempo. O terreno, no outrora entravado na capoeira (em cadência de expectativa
na usura imobiliária), admitiu aparência de lavoura. O solo, no cercado de
moradas, contrasta na paisagem. Os plantios, no exemplo, ligam-se na alface,
beterraba, cenoura, ervilha, pepino, vagem... O ancião, em acima dos setenta,
contraria no usual da conduta (aos compatrícios). Os conhecidos, em bailes e
bares, corroem energia e tempo. As folias, na bebedeira e dança, roem chances e
gastos. Outros, no amor ao baralho, decorrem na alegria e diversão. O sujeito,
no peculiar, subsiste na norma do “ser útil”. Os familiares, em filhos, netos e
noras, usufruem da obra (da aflição). A lida, em ativa presteza (física e
mental), parece adiar desgaste (da velhice). A atividade, no alívio de
impurezas, cai em suplemento (no bem-estar). A ocupação, no exercício da vocação, preenche vazio e sobrevém em
satisfação.
Guido Lang
“Histórias
do Cotidiano Urbano”
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