O descuido é uma
causa da ousadia alheia!
Uma certa
família, numa encosta de morro, residia durante décadas neste local. Os
moradores, das largas redondezas, sabiam da ocupação desse espaço excepcional,
no que, próximo ao pátio, havia uma singela queda d’água. Um líquido
cristalino, entre declive, pedras e vegetação, descia a encosta abaixo, quando
ostentava-se espetáculo a parte nesse esbelto cenário.
A família, como
produtores rurais, foram criando os filhos, dificuldades não faltaram. A
prioridade familiar, neste contexto, foi deixar estudar os rebentos; o trabalho
custeava os encargos da formação. Eles, na proporção da vida produtiva ativa,
“tomaram os rumos das cidades”; “o ganha pão mostrava-se mais fácil de angariar”.
O tempo
transcorreu e a velhice abateu-se! O
desinteresse, em função das outras atividades, tomaram conta dos filhos
pelo lugar. Os pais, numa oportunidade, pereceram e ficaram as posses familiares.
Estes, na ausência dos reais herdeiros, “foram tomando pé”, no que, no final,
ficou o chalé e os cacarecos. Uma vez isso, outra vez aquilo acabava surrupiado
O mato escondia o cenário e a tapera retomou a aparência original. Ficou a
lição de vida da necessidade de cuidar do patrimônio familiar caso contrário
sobram somente vestígios.
Qualquer
patrimônio exige maior reparação! As necessidades dos filhos divergem dos meios
paternos. O estudo revela-se fator de migração campo-cidade, quando consegue fixar
pouquíssimos no meio colonial. Ostentar patrimônio, sem poder dispensar maiores
cuidados, mostra-se sinônimo de aborrecimentos, dispêndios e incomodação. Os
recursos paternos, para inúmeros filhos, desinteressam na proporção de absorverem tempo e darem encargos.
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Casas_em_estilo_enxaimel.jpg