Um professor camarada,
durante décadas e inúmeros anos letivos, administrou as artimanhas e segredos
dos cálculos matemáticos. Ele, para algumas centenas de estudantes, ensinou as habilidades
e raciocínio dos números. Somar, dividir, multiplicar e subtrair foram as
noções básicas. Este, em dezenas de
noites, chegou a sonhar e ter pesadelos com a agitação e barulho do trabalho
letivo. Uma gama de indivíduos ganhava noções básicas e treinava a habilidade das
operações.
O cidadão, transcorridos
uns bons anos, queria saber o resultado desde ensino/estudo. Inúmeros alunos
ostentavam-se bons matemáticos (em função do raciocínio lógico desenvolvido).
Outros mais, ligado ao conhecimento humanístico, davam menor importância ao
conhecimento das exatas. O cidadão, na suas idas e vindas como aposentado,
falava esporadicamente com uma porção de ex-alunos. Este, de forma sutil, interrogava
sobre a aplicação e uso cotidiano dos conhecimentos dos números. O pessoal valia-se
do uso ou indiferença do conjunto de cálculos (complexos ou simples) no dia a
dia dos afazeres.
A surpresa mostrou-se
grande com o desempenho humano. Muitos, como estudantes da periferia urbana, “nem
estavam aí para coisa”. Vários elementos, “metidos com porcaria”, envolveram-se
na ideia do dinheiro fácil e rápido. Estes esqueceram-se das dificuldades de
batalhar e labutar para satisfazer as necessidades básicas. As conquistas
grandiosas exigem dedicação, tempo e trabalho. Outros camaradas mantiveram a
pacata vida de cidadão. Eles preocuparam-se de conseguir algum trabalho,
constituir família, melhorar as condições econômicas... A matemática restringia-se ao básico do uso
diário. O primeiro cálculo, diante da necessidade, ganhava o auxílio duma
calculadora.
Uns poucos, ambiciosos
e ousados, queriam compreender e valer-se unicamente da matemática. Aquela financeira
e prática: ligada ao conhecimento do mercado, interpretação dos dados estatísticos,
conclusões sobre as oscilações da economia... Eles assimilaram a habilidade dos
números, com razão de angariar dinheiro e beneficiar-se do “sangue do
capitalismo”. Estes desconfiavam dos descontos e promoções anunciadas na mídia (pelos
fáceis e muito serviços). Os espertos conheciam artimanhas dos ágios embutidos,
dados estatísticos manipulados, juros simples e compostos... O resultado acabou
em cidadões bem sucedidos e excepcionais empresários/investidores.
A matemática tinha
extrema importância e valia. Ela era o esteio do sucesso ou insucesso
financeiro. Eles, como princípio básico, não faziam nenhum negócio sem maiores
cálculos e estimativas. A matemática financeira era a base do emprego, enquanto
os cálculos, nas escolas, não passavam de meros treinos mentais. A regra de três,
simples e composta, constituia-se comumente na conta mais empregada e útil.
A melhor escola da vida revela-se a prática. Os
professores transmitem muitos dados e poucos aplicam as informações no seu
exercício cotidiano. A credibilidade profissional encontra-se na coerência dos
atos com a teoria. O educador, no contexto duma sala, ostenta uma diversidade
de interesses e vocações. Os reais conteúdos assimilados são aqueles utilizados
nos afazeres diários.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano da Vida”
Crédito da imagem: http://www.brasilescola.com