Um criador, a dois jovens
cachorros, foi comprar e trazer mimos. Um passatempo, no ínterim das horas, na
proporção de estarem presos (nas correntes).
Estes, com a
necessidade de mastigar e roer, ganharam uma porção de ossos. Os animais
poderiam afiar os dentes e treinar os beiços. Os irmãos, como exercício canino,
poderiam distrair e ocupar-se no pátio. O morador imaginava fazer um bem ímpar!
A realidade, na
convivência dos fatos, revelou-se bem outra! Os instintos apurados, dos outrora
domesticados lobos, trouxe ferrenhas e mortais brigas. Cada qual, numa fome e
ganância anômala, queria escolher as melhores partes. Em outras palavras:
resguardar todos os mimos para si. As desavenças maiores recaiam sobre as carnes
e espelancas!
O tratador ficou
assombrado e entristecido. A situação descreveu um fato inusitado: a
consciência de ter adotado escamoteadas feras! Uns aparentes guardas/seguranças
tornaram-se causa de aborrecimentos e preocupações.
O idêntico aplica-se em
inúmeras famílias. Os pais, como garantia e sobra aos infortúnios, desdobram-se
nos louros anos de vida para criar e
resguardar patrimônios. Os genitores, com os anos, envelhecem e perecem. Os
rebentos, na proporção dos inventários, apropriam-se e degladiam-se pelos bens.
Estes, a semelhança
de escamoteadas feras, estabelecem brigas e intrigas homéricas. Cada filho, com
os seus, almeja a maior e melhor fatia dos espólios. Uns, tendo a idêntica mãe
e pai, desconfiam e estranham-se pelo resto dos seus dias. Inúmeros cidadãos,
por apropriação indevida e ofensas pessoais, deixam de conversar e conviver
pelos anos!
Os cuidados mostram-se redobrados com quem convive com
feras! Os instintos, nos gananciosos, sobrepõem-se ao bom senso e a
inteligência. Queres conhecer os teus? Trate de emprestar e manejar dinheiro! A
sabedoria popular versa: “ - Cachorro esfomeado come até osso e sabão!”
Guido Lang
“Singelas Crônicas do
Cotidiano da Existência”
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