A FORÇA DA TERRA
O solo, material superficial da
crosta terrestre, revela-se um patrimônio colonial. A terra teutoniense,
localizadas em clima temperado, ostenta-se em um dos melhores solos do planeta,
porque apresenta fertilidade ímpar.
Os agricultores consideram a terra
preta o melhor solo, pois este contém uma mistura de húmus com minerais. As
partículas apresentam-se médias e pouco pesadas, que facilita o cultivo. Os
russos, para a “terra negra”, dão o nome de Tchernozions, que costumeiramente
localizam-se nas regiões de clima temperado e úmido.
Os solos teutonienses, como na Boa
Vista, tiveram sua origem em terrenos sedimentares e vulcânicos. O arenito,
basalto e diabásio, acrescido de material orgânico, mesclaram-se e deram causa
a diversas tonalidades. Alguns espaços tem maior domínio arenítico, outros da
decomposição de materiais orgânicos, alguns de rochas vulcânicos; surgiu daí
uma miscelânea de solos arenosos, argilosos e saibrosos. Um terreno propício a
uma gama de plantas, que espalham-se como exóticas ou nativas. O fenômeno da
formação levou milênios e continua, com a acentuada interferência do homem, na
sua sina de constituição. Calor, frio, geadas, inundações e ventos prosseguem
danificando as rochas; animais, micróbios, plantas e vermes no processo de
decomposição e transformação.
Os rurais, nas últimas décadas,
depararam-se com mudanças, que lhes causa admiração e espanto. Estes, no
passado, precisavam esperar alguns dias, à lavração, após as chuvas. Eles, na
atualidade, cedo aparecem secos, porque perderam muito da sua capacidade de
retenção da água. As plantações, em poucos dias, carecem de umidade. Fala-se, como exemplo, num princípio
semelhante a areia, quando joga-se água e esta, em segundos, some no subsolo.
As causas ligariam-se a perda de fertilidade, pastoreio e plantio excessivo,
desleixo na adubação orgânica, emprego de agrotóxicos, exigência massiva de
produtividade...
Os colonos, no passado, conheciam a
degradação, quando dentro das limitações e possibilidades, deixavam áreas em
repouso momentâneo e partiam ao desmatamento de roças nas encostas. O feijão,
hortaliças e milho adoravam uma terra nova, que vinha sendo tomado lentamente
na floresta. Estes, entre outras medidas, privavam-se do “pastoreio das
lavouras”, cultivavam leguminosas, abstinham-se do manejo do solo nos períodos
chuvosos...
As
práticas predatórias começam a revelar os resquícios do passado geológico,
quando manifestam-se prenúncios da desertificação. As dificuldades do brejo e
mato rejuvenescer-se nas antigas roças é outro alerta. A cobertura, com
florestamento e reflorestamento, promete novo alento, quando mantém-se
preservar esta ímpar dádiva divina.
Guido Lang
Edição virtual
Livro “Histórias
das Colônias”