Uma certa menina,
criada nas colônias e em meio a um punhado de irmãos, precisou tomar o destino
das cidades. Empregou-se, como doméstica, numa casa de conhecidos. O objetivo
consistia em conciliar estudo e trabalho. O ganho básico consistia basicamente na
subsistência. O dinheiro, como ganho, não passava de uns trocados de bolso.
Uns poucos anos
transcorreram e conheceu um moço. O namoro tomou sentido. O trabalho, no
ínterim, continuava na proporção de constituir família. Pode, junto aos
estranhos, assimilar uma série de tarefas. O valor do trabalho aprendera como
legado familiar. A principal consistia na arte de cozinhar. Conheceu, como
excepcional cozinheira, o principal segredo da cozinha: a qualidade
dos alimentos consistia em boa dose nos temperos.
A formação de família
levou a necessidade de constituir algum negócio. Fazer o que com a profissão de
doméstica? Pensou e repensou a nobre função. O casal, como solução numa esquina
da cidade, improvisou uma modesta lancheria. Esta, em função da qualidade da
alimentação ofertada, cedo tomou a dimensão de restaurante.
A outrora doméstica,
agora patroa, vivia a aprimorar os dotes da cozinha. Ela, através da
contínua prática, descobrira seu divino dom. Deus, como a cada qual, dá uma
vocação. Esta tinha-a no poder dos apetitivos e maravilhosos pratos. Os fregueses ávidos,
com os variados cardápios, cedo lotaram o ambiente. O ponto tornou-se
referência da comida colonial. Os anos, de persistente dedicação e trabalho,
trouxeram o enriquecimento e a qualidade de vida.
A fulana, diante do
volume das comidas à grande clientela, cedo coordenava uma equipe de
cozinheiras. Estas faziam os pratos, porém ela dava as ideias e sugestões. O
dom não mais existia no trabalho prático em si e sim no controle da qualidade.
A esperteza vivencial consistia: tornar uma modesta vocação num empreendimento
comercial e meio de sobrevivência.
Fica a lição da
escola de vida: cada qual precisa descobrir seu dom e com ele ganhar a
subsistência. Os aparentes encargos cedo assumiram ares de brincadeira e
diversão. O indivíduo não pode ser bom em tudo, porém numa coisa salienta-se
nos conhecimentos e habilidades (junto aos demais). Precisa ganhar o seu “ganha
pão” com a especialidade. Descubra a sua vocação e ganhe com ela a vida. O
encargo cedo torna-se uma alegria e satisfação.
“Deus escreve
certo em linhas tortas”. Procure especializar-se naquilo que lhe interessa e dá
prazer. O gosto e a paixão levarão a constituir algum empreendimento. A riqueza
humana encontra-se na diversidade.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano da Vida”
Crédito da imagem:http://www.gemacarioca.net/faenza-em-copacabana/