O condutor e
funcionário, como de costume, aconchega-se “queimando o horário de chegada ao
trabalho”. Este, com sua potente caminhoneta e “certa média de abonado”,
procura um estacionamento. O local, na faixa nobre/rotativa, vê-se tomada no
horário de pique (dos bancos).
Um único local, nos
veículos próprios aos idosos, ostenta-se vago. Ele, como velho conhecido dos
fiscais (da Faixa Nobre do Trânsito), arrisca a sorte. Ele estaciona o veículo,
apanha os pertences e dirige-se ao local de expediente... Pensa, como de
práxis, naquele “dá em nada!” ou “a gente resolve com uma boa conversa!”
Alguns bons minutos
transcorrem e toca o celular. O fulano de tal, como aparente fiscal, fala: “- Obrigo-me
a multar e sete pontos na carteira de habilitação! O veículo acabará guinchado!
Motivo: estacionamento impróprio! Lamento muitíssimo o fato! O chefe obriga-me
a cumprir a legislação municipal! O caminhão guincho encontra-se aí!”
O condutor/infrator
avermelha e fica sem voz! Este parece ganhar um troço! Inicia a ladainha das
mil e uma desculpas e explicações... Colegas do setor, num aparente desmaio,
preocupam-se com o estado de saúde!
Este, numa aparência
de implorar, externa:
- Calma aí! Já vou
correndo aí! Faz atrasar uns segundos o processo.
O telefonista daí
conclui:
- Sou o fulano de
tal! Não reconheces minha voz! O aviso não passa de um trote! Um remédio para
parar de tirar os outros como diversão!
Quaisquer anormalidades, numa aparente discrição, sempre
alguém assiste e repara! Quem afronta e apronta cedo conhece a “retribuição das
gentilezas!”. A implicância, entre velhos amigos e parceiros, mostra-se passatempo
comum em setores do serviço público.
Guido Lang
“Singelas Crônicas do
Cotidiano da Existência”
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