Por Telmo Lauro Müller
(17/09/1926-09/01/2012)
Ex-diretor
do Museu Histórico Visconde de São Leopoldo/RS e Ex-Presidente do Instituto
Histórico de São Leopoldo/RS
Conheci Guido Lang num Simpósio de
História da Imigração realizado em São Leopoldo, quando ele se inscreveu para
apresentar um trabalho sobre Teutônia/RS, faz alguns anos. Seu jeito retraído
sem plumas nem paetês, mostrava um filho da colônia alemã, preocupado com a
história do chão que o viu nascer; com a presença daquela gente simples que
plantou a civilização do trabalho nos Vales do Sinos, Caí, do Taquari e outros
vales com o registro de fatos que poderiam perder-se. Artigos posteriores em
jornais confirmavam esta assertiva. Com a amizade consolidada, sou por ele
procurado com um pedido: escrever o prefácio de um livro de história sobre a
sua Teutônia/RS. Sem esperar por minha resposta, entregou-me um monte de papéis
e fotografias. As fotografias logo me encantaram, porque são a síntese visual
de um torrão gaúcho colonizado por imigrantes alemães. Não é preciso dizer que
aceitei o pedido, que o leitor tem diante de si, se é que vai lê-lo, o prefácio
pedido.
O autor começa dizendo que “povo sem
história é povo sem memória”, e atiça o leitor a conhecer o que os imigrantes
fizeram e deixaram no Alto Taquari. As dificuldades encontradas em Teutônia/RS
são as mesmas da Baumschneis (Dois Irmãos), da Berghahnerschneis (Ivoti) ou
qualquer outra colônia. Também os nomes de famílias repetem-se e tive o prazer
de “rever” a família Osterkamp, que está no livro de Güinter Weimer sobre a
arquitetura alemã no Estado. Também os Dickel chamaram-me a atenção porque
devem ser antepassados da leopoldense Heda Dickel Sprenger, provavelmente a
mais ardorosa teutoniense que eu conheço.
Há leopoldenses na história de
Teutônia/RS. Entre as companhias colonizadoras está a “Sociedade Carlos Arnt e
sua mulher Filipina Arnt, Henrique Bier e sua mulher Joaquina Rita Bier e Luiz
Bier”. Ora, Henrique Bier foi um nome notável na história leopoldense e também
de Gramado/RS, onde o lago junto ao Parque-Hotel chama-se Joaquina Rita Bier.
Em Teutônia/RS vamos encontrar
elementos característicos de todas as colônias alemãs: a satisfação pelas
primeiras exportações de produtos agrícolas excedentes da subsistência; a
criação de escolas em cada picada; a fundação das sociedades recreativas. E tem
mais. O livro é uma fonte genealógica e registra dados de cada picada, o que,
no futuro, será como um oásis no deserto: de extrema importância para a vida
espiritual, para se saber quem foi, como foi, quando foi.
Um prefácio deve dar uma ideia do
conteúdo do livro para estimular o leitor a penetrar-lhe o âmago. Mas, é
preciso ter cuidado para não fazer do prefácio o livro o que aqui bem poderia
ser o caso, pela afetividade entre dois filhos de colonos – o autor e o
prefaciador – e a grande semelhança entre a original “Colônia Alemã de São
Leopoldo”, e a nova Colônia Westfaliana, objeto deste livro.