Os colonos, em função
do cansaço do trabalho rural, tem o hábito de dormir cedo. O
esforço físico exige um descanso adequado do corpo. O trabalho,
numa propriedade bem administrada e organizada, parece nunca
terminar. As tarefas, em épocas como a primavera, avolumam-se as
centenas. Fica difícil definir o prioritário, porém tudo merece
receber uma atenção adequada.
Os animais, no
clarear do dia, agitam deveras o ambiente! Querem a merecida atenção
em limpeza e trato. Significa levantar cedo no contexto da
propriedade e “atender a clientela”. Os olhos do dono enobrecem a
domesticação! O sono familiar, num certo ponto, segue o ciclo
animal, que significa/representa “pular cedo da cama”. Os
trabalhos, como a ordenha, iniciam-se para aliviar as vacas das inconveniências dos úberes cheios. Aves e porcos querem a ração
com vistas de silenciar a bagunça e gritaria. Leva-se um tempo a
essas tarefas caseiras. Daí querer aproveitar alguma frescura da
manhã para os manejos da terra. O corte de pasto, por exemplo,
ganha qualidade na proporção de ser cortado nas primeiras horas
matinais.
A dedicação e o
esforço, depois da peleia da manhã e do almoço (de renovação das
energias), exigem um merecido descanso. Entra aí o hábito sagrado
do cochilo! A tradicional sesteada, para recompôr o ânimo, diante
duma pausa momentânea (do sistema nervoso). Esta ocorre
costumeiramente entre treze e quinze horas (pique da insolação
solar). Uma forma de precaver-se da insolação (diante da pele
branca/européia). Pode estender-se de alguns minutos até algum sono
mais profundo. O colonial, conhecedor dessa realidade, evita maiores
compromissos familiares neste ínterim de tempo. Pode achegar-se de
manhã cedo ou cair do dia, porém nada de atrapalhar/estragar essa
magna prática.
As "más línguas",
sobre a vida de casais, falam desse horário próprio. Inúmeras
intimidades tomariam vulto no ínterim desse descanso momentâneo.
Daí, nas colônias, diversos coloniais ganharam a vida nestes
singelos relacionamentos amorosos. A sesteada: motivo ''de pausa
total”. Os dias, na primavera verão, costumam ser compridos e
acompanhar o florir das estações. Os corpos exigem o tal do repouso
do meio dia, que rejuvenesce almas e serena espíritos.
As sesteadas integram o conjunto das singela maravilhas da existência colonial.
Os corpos descansados e aliviados produzem um trabalho mais rendoso.
Quem conhece e pratica o hábito dificilmente consegue ficar sem o
soninho vespertino.
Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: Arlindo Itacir Battistel