Um senhor, pelos anos
de experiência e vivência, tinha adquirido e ouvido muitas histórias e relatos.
Elas, na sua compreensão particular, constituem-se numa pérola familiar (desperdiçada
diante do desinteresse alheio).
A descendência, como
filhos e netos, faziam descaso e indiferença. A imaturidade e preocupações
variadas permitiam escasso tempo para narrações e relatos. Estas, em menos ou
mais anos, acabariam carregadas para sepultura. Algum descendente, lá na idade
madura, acabaria lamentando o fato do desleixo e perda desse patrimônio oral.
O cidadão, diante da apatia
das atuais gerações, procurou um paliativo. Este, dentro das reminiscências,
dava-se a nobre tarefa e tempo de redigi-las. Ele, a cada dia, apontava algumas
histórias (com o objetivo de manter viva as memórias). Os rebentos, na sua
ausência física, poderiam lê-las e relê-las (como uma espécie de curiosidade e
diálogo). A redação permitiria a constituição de livros.
O interessante, com
relação aos estudiosos das ciências sociais, relaciona-se aos estranhos. Estes,
a título de estudos de épocas e temas, poderiam valer-se desse conhecimento e
registros às pesquisas. A história comunitária e familiar via-se postergada no
espaço e tempo. A singela preocupação,
como legado da cultura imaterial, levou a produção duma valiosa contribuição
literária. O material, depois de escrito e impresso, sempre encontraria
eventuais interessados numa variada leitura.
As pessoas, de alguma forma duradoura e esperta, precisam
encontrar uma maneira de deixar seu legado. O inverno da vida aconchega-se
antes do imaginado, portanto nunca é demais alguns registros. Astutos aqueles
que chegam à velhice na proporção de tantos abandonarem a vida na juventude. Aqueles
que encontram soluções simples para problemas sérios ostentam-se indivíduos
inteligentes e sábios. Quem de nós não gosta de ouvir uma interessante e
pitoresca história?
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano da Existência”
Crédito da imagem: http://poetaeliasakhenaton.blogspot.com.br