Uma professora, com propriedade de casa
e terreno (numa cidade do interior), permutou os bens por outro imóvel numa
praia. Ela era obcecada pela maresia. Aquela névoa fina, salgada e
úmida faria bem a saúde assim como esquecer os dissabores dos compridos e
estressantes anos letivos. Afinal! Trabalhar, como educadora (com alunos),
consiste num desgaste e dilema. O indivíduo, no final das contas, merece uma
distração e mimo!
A proprietária, com ampla casa e
terreno na orla marítima, resolveu dar alguma destinação a superfície desnuda (área desocupada
do gramado). O vasto terreno ostentava-se aconchegante e bonito, porém nada de
maiores dividendos monetários. Esta pensou e repensou uma maneira de extrair
ganhos da extensão mal aproveitada. Ela procurou uma forma de diluir encargos
de manutenção do espaço. Impostos e reparos, no final das contas, absorviam
boas somas em encargos do orçamento.
A alternativa, como forma de
investimento, foi reunir as esparsas divisas. Ela, aqui e acolá, juntou
economias e salários para iniciar um projeto de construção. Perguntou
construtores e familiares sobre prováveis custos. Conectou com profissionais
disponíveis à construção. Ideias e sugestões, como projeto, foram estudados e
analisados. Decidiu-se, num determinado momento, pelo empreendimento. Mãos a
obra foi o passo subsequente. Investiu antes que mudasse de opinião.
A dona, num canto do terreno (de fácil
acesso), edificou mais uma singela moradia. Área, banheiro, cozinha
e quarto foram as peças. O imóvel teria a nobre função de ser alugado e trazer
dividendos em formas de aluguéis. Custear, nos poucos meses de praia, os
encargos de manutenção do conjunto de bens no ano. O projeto, em poucas
semanas, viu-se concretizado/edificado. Os inquilinos afluíram e
pagaram, de forma antecipada, o ônus de uso.
O espírito empreendedor como
exemplo digno de admiração e maiores elogios, chama atenção da história. Uns
parecem ter vocação nata para arriscar e criar. As dificuldades e problemas
enxergam como oportunidades. Dedicam-se a realizar projetos e sonhos. Estes,
com essa excepcional postura, fazem o bem a outros, porém não deixam de ganhar
um bom dinheiro. O espírito comercial e construtor encontra-se impregnado na
alma. As forças, ideias e trabalhos realizam como sonhos (em forma de
milagres).
Certos lugares, com as construções
repentinas, mudam o cenário paisagístico. Prédios, em espaços desnudos, parecem
brotar do chão/surgir do nada. O cidadão, numa ausência de semanas ou meses,
parece depara-se num ambiente diverso (com conjunto de edificações). Admira-se
das mudanças e parece desconhecer os originais lugarejos. As paisagens, com a
interferência humana, assumiram outras formas e olhares. O particular, de cada
qual (em forma de um pouco), faz a diferença no geral.
Os esforçados e inovadores, em cada
situação e realidade, cedo vislumbram oportunidades e sonhos. Ganhos extras
mostram-se gratificações pelo espírito arrojado e quadro de riscos.
Quem alimenta esperanças e sonhos esquece-se de preocupar com problemas de
existência. Os atrevidos tem o sublime dom de “extrair água de
pedra”. O tino empresarial de uns permite enriquecer vendendo “pedras brutas
como nobres peças”.
Guido Lang
“Singelas Histórias do Cotidiano das Existência”
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