Um cidadão, dono de
atelier, emprega uma dúzia de funcionários.
Os empregados,
contratados de forma temporária, deixam-no “ver navios” (em diversos momentos e
situações). Eles, na hora do recebimento, encontram-se cedo na sua porta: querem
e precisam receber o deles.
O proprietário, numa dificuldade
financeira ou falta de qualidade nas tarefas, não recebe contrapartida em
cortesias e mimos. Este desconhece de ouvir frases: “- Ah! Não precisa pagar!”,
“- Tem desconto pela falta de qualidade”, “- Pode pagar na outra semana”... Uma
realidade inexistente nas relações sociais e trabalhistas.
A labuta, na linha de
confecção dos calçados (em consequência), não tem moleza ou piedade. A
produção, nos horários próprios das jornadas, precisa fluir e render! Nada de
maiores conversas, demoras nos banheiros, olhares estendidos à rua... Cochilos ou demoras, como forma de desperdício
de minutos ou segundos, conhecem massivas cobranças e repreensões!
Os centavos e reais,
dispendido em salários, necessitam de árdua retribuição em suor e trabalho. Uma
matemática financeira difícil, a cada final de mês, consiste em dar conta dos
muitos e vultosos dispêndios e encargos. O patrão, como empresário, ainda precisa
fazer sobrar divisas aos investimentos e reinvestimentos! As esteiras de
produção, de forma escamoteada, são uma “espécie de escravidão” assim como o
proprietário com suas muitas obrigações.
Negócios são negócios e amizade à parte nas relações
profissionais! As sobras, em quaisquer atividades, ostentam-se uma margem estreita
nos resultados finais. A sobrevivência, na selva de pedra, revela-se acirrada e
suada para quaisquer trabalhadores!
Guido Lang
“Singelas Crônicas do
Cotidiano da Existência”
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