Singelas experiências
e vivências ocorrem no cotidiano das localidades e propriedades. Os
acontecimentos e fatos, por faltas de registros, sucedem-se como nunca tivessem
transcorridos. Os autores, como tradição oral, guardam-os na memória e, com seus
perecimentos, enterrem-os nas tumbas (juntos aos cemitérios). Cada vida, na
prática, descreve algum excepcional livro. O curioso: pouquíssimos se dão a
tarefa de redigir suas histórias e memórias (como legado à descendência).
Um certo menino, na
idade escolar/pré-adolescência, enamorou-se por certa colega/vizinha. Esta,
determinada e esperta nas resoluções, salientava-se no conjunto das meninas. O guri,
numa certa ocasião (no recreio), externou sua admiração e desejo de futuro namoro.
Aquele despertar sucessivo dos instintos másculos na direção, de nalgum dia,
constituir descendência e família. A fala, a grosso modo, consistiu: “- Oh bonita
e elegante amiga e colega! Quero, nalgum dia, casar e viver contigo! Constituir
uma família!”
A menina estática e
surpresa, repleta de fantasias e sonhos, externou os sinceros desejos do
coração (diante do inesperado pedido fantasiado de brincadeira). Esta, de modo curto e grosso, respondeu seus reais
sentimentos: “- Caso com qualquer outro e menos contigo! O teu tipo não faz meu
gênero! Pode tirar o cavalinho da chuva!” O enamorado, nos anos subsequentes e
com outras iniciativas, sofreu muito diante da negativa e rejeição. Outro moço,
bem falante e galanteador, caiu nas suas graças e conduziu-a ao altar. As
dificuldades econômicas-financeiras do casal, ao longo dos anos, abateram-se na
família.
O camarada pedinte,
diante da dura realidade do desprezo, concentrou os conhecimentos e energias.
Este angariou o firme propósito de vencer na vida. Os esforços foram
direcionados ao estudo e trabalho. A esperteza maior revelou-se na
administração financeira e eficiência nos negócios. O tino econômico mantinha um
dom. A adversidade e negação contribuiu para o aprimorar das vocações. O rapaz,
tendo nesta altura sua família, tornou-se abonado e conceituado.
A menina, agora mãe e vizinha, deparava-se continuamente com as carências e
os percalços. Via porém a cada dia o progresso e sucesso alheio (do ex-pretendente).
A escolha, na parceria, fizera fundamental diferença na dignidade e qualidade
de vida. Esta, em muitos momentos, imaginou-se naquela abastança e bonança, porém preferiu viver nas dificuldades e problemas
(do que conviver com alguém sem amor). O indivíduo, antes de quaisquer
intimidades, precisa se agradar e gostar da parceria, caso contrário, quaisquer
relacionamentos encontram-se fadados ao insucesso.
Certas decisões e escolhas, em meio as muitas resoluções
da vida, fazem excepcionais diferenças. Uns, “mesmo podendo estar pintados de ouro”, não são da nossa afinidade
e agrado. O casamento, para tomar vulto, precisa do consentimento de ambas as
partes. O indivíduo, ao meio aos muitos afazeres e passatempos, não pode ser
bom em tudo (salienta-se nuns e desleixa noutros). O dinheiro compra as
necessidades materiais, porém as imateriais encontram-se inseridas no coração.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem: http://casamento.vocedeolhoemtudo.com.br/acessorios/aliancas-de-casamento-em-ouro/