As abelhas, nos
especiais feriados de Páscoa, sentiram-se imunes as agressões e rapinagens
humanas. Uns dias certamente sem maiores aflições e tormentas!
Algumas colmeias
compreendendo a religiosidade cristã, pensaram numa folga e trégua. Umas
comunidades, naquele diálogo de jogar conversa fora, externaram: “Hoje é Sexta-feira
Santa! Ninguém terá a ganância e ousadia em querer surrupiar o mel. Os humanos
respeitam este especial feriado religioso!”
A surpresa, na calada
do calor da manhã, adveio na invasão dos ambientes. O ataque, em função da
folga, sucedeu-se naquela data. Pai e filho, com abundante fumaça e própria
indumentária, efetuaram a pilhagem anual das caixas.
Os apicultores, em meio
às ferroadas e picadas, extraiam dezenas de quilos de mel. As sobre-caixas viram
os favos serem retirados. O trabalho persistente e suado (de semanas e meses
dos insetos), como precaução aos rigores do inverno, viu-se surrupiado pelos
abusados.
Umas modestas operárias,
em meio à chacina e prejuízo, comentaram entre si. O indivíduo nunca pode
duvidar da astúcia e malandragem humana. As pessoas, por dinheiro, revelam-se gananciosas
e imprevisíveis.
Uns labutam na proporção
de muitos outros estarem na folga e repouso. O descanso revelou-se a razão de
realizar determinada tarefa. Os indivíduos, pelo numerário, desrespeitam datas
e horários nobres e sagrados!
O tempo vê-se disponibilizado pelas possibilidades e não
pelas condições próprias às tarefas. Uns, por valerem-se duma aparente cortesia
e serventia, pagam ônus deveras oneroso pelos favores. Certas datas não passam
de mera criação comercial e consumista.
Guido Lang
“Singelas
Crônicas do Cotidiano da Existência”
Crédito da imagem: http://www.riosvivos.org.br