Os colonos, em função
das chuvas, dependem do sucesso das suas colheitas e criações. A irrigação, na
maior parte das culturas de grande porte, mostra-se incipiente. A solução
consiste em aguardar e interpretar “as boas graças de São Pedro”. Este, na
crendice popular do santo das chuvas, dá as rédeas das frequências e volumes das
precipitações.
Os produtores, ao longo
do processo de colonização, desenvolveram um vasto conhecimento (empírico)
sobre o comportamento das condições meteorológicas. Os produtores, de maneira
geral, são “profetas do tempo”. As suas observações, em inúmeras oportunidades,
ganham dos modernos meios de previsão. A aparelhagem aponta o âmbito geral (nos
macroclimas dos Estados e país). Os coloniais, a partir da atenta observação
das alterações da atmosfera (estado chuvoso, nublado ou ensolarado), ligam-se
nos microclimas. Aquela sucessão do tempo do seu lugarejo (inserido no âmbito
geral). Os milímetros de chuva, na sua propriedade, são do maior interesse
privado.
Cada morador, com suas
particularidades de observação, ostenta-se um modesto meteorologista/singelo “profeta
do tempo”. Possui suas constatações, pela longa convivência no espaço local,
ditam as condições. A convivência contínua no ambiente criou um acentuado
conhecimento empírico. Alguns itens, através da tradição oral, repassados de
pais para filhos (através das gerações). Os equívocos, de maneira geral,
ocorrem unicamente no contexto das extremas estiagens. Os sinais das chuvas, no
verão, podem estar presentes, porém faltam nuvens (cúmulos e nimbus) para
aliviar os rigores do calor.
Algumas normas
gerais, dessas práticas empíricas, relaciona-se: 01) O Sol nascer ou pôr-se
duma coloração alaranjada. 02) As mangueiras das canalizações aparecerem suadas
(em meio ao sabor do calor dos ambientes). 03) Aves com asas estendidas ao sol
de rachar com razão de secar partes íntimas do corpo e interior das asas. 04) Alaridos, fora do horário normal das
cantorias, de araquãs, bugios e saracuras; 05) As criações, de maneira geral,
mostra-se muito agitado e irrequieto; 06) Mudanças de Lua, de Cheia para Nova, favorece
o quadro instável. 07) Floridos ocasionais de algumas espécies vegetais. 08)
Diminuição da vazão de água das nascentes... Os sinais prenunciam as mudanças da
atmosfera e daí inserem os desígnios.
O quadro, de abates,
castrações, colheitas, plantios, mostra-se observado nas atividades coloniais.
A germinação de sementes, qualidade das colheitas, entrada de máquinas (no
interior das lavouras), qualidade de forragens/pastagens... dependem do volume
e tempo próprio das precipitações. Singelos detalhes, com excepcionais diferenças,
ligam-se aos sucessos ou insucessos nas atividades primárias.
A idade, com os anos de observações e reparações, ensinam
certos conhecimentos e realidades. O sucesso, de quaisquer empreendimentos,
depende da esperteza assimilada no cotidiano das vivências. O presente depende
muito das previsões ocorridas no passado. Os sortudos não apostam unicamente na
mera casualidade, porém tem seus segredos para angariar a sorte.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem:http://guiadevoo.com/page.aspx?Pgid=cumulus_nimbus