A primavera
achegou-se! As sementes precisam conhecer o solo. Produtores tem pressa de
cultivar. Quem quer colher, precisa plantar. Deus abençoa quem trabalha.
O produtor, na sua tradicional
lavoura, tratou de contratar os serviços das máquinas. O tratorista adveio para
enterrar sementes. A sementeira, acoplada ao veículo, fez-o fácil e rápido. A
segunda necessidade foi aplicar o herbicida. O cereal cresceu em meio ao brejo:
o milho crescia e o mato retrocedia. Coisas da revolução agrícola. O colono,
nos ventos da inovação, deu-se o trabalho de pagar. O sacrifício, com a outrora
lavração da terra a boi e plantio manual, ficaram nas reminiscências impróprias
da agricultura familiar de subsistência.
Ao rural, diante do
investimento, coube esperar os desígnios do tempo. Algum reparo, eventual aqui
ou acolá, fazia-se no ínterim. A maior consistiu “na torcida pelas dádivas e
favores de chuva por parte de São Pedro”. Ele manda as graças d’água (segundo o
provérbio popular). O plantador, em função do atraso das precipitações, colheu
mero pasto. O cereal, não tendo chuva no momento próprio, “esqueceu-se de criar
maiores espigas”. A solução foi cortar a cultura como forragem às vacas. Elas,
tendo bom pasto, produzem leite e diluíram custos.
O corte revelou-se apressado. A área necessitou ganhar uma segunda
plantação. O colonial arriscou de novo a sorte e torce pelas dádivas. Repete-se
o processo do plantio (com vistas de colher a silagem de inverno). O tempo
ostenta-se “de ouro” (com razão das plantas de verão não apanhar das geadas). A estação fria, numa terceira cultura anual,
ganha sua planta de inverno. As adubações
sucessivas, no ínterim das plantações massivas, garantem a fertilidade.
Quem cultiva aposta numa loteria: cinquenta por cento de
chances no sucesso e outros cinquenta no insucesso. Os solos, com as plantações
massivas, aguentam de forma indefinida? O capitalismo tomou conta do cenário colonial.
Quem atua nos negócios agrícolas obriga-se a acompanhar o ritmo do sistema caso
contrário quebra literalmente nos empreendimentos.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano das Colônias”
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