Uma penca de abelhas,
em forma de enxame, assentou-se no pé de cereja dum vizinho. Uma singela árvore
foi o lugar próprio da parada e repouso. A comunidade, num processo migratório,
recém havia abandonado a original colmeia. Esta queria ares novos com razão de
procurar o seu próprio caminho.
O colono apicultor,
com uma dezena de caixas iscas instaladas, fez uma aparente vista grossa. Este,
pela experiência e sorte, dava-se como certo a escolha de alguma armadilha (como
moradia). Ele não queria ter o trabalho de apanhar o enxame (numa certa altura
da planta). Uma dezena de atrativos, em número de chances, pareciam-lhe
suficientes como sorte. Este refletiu e esperou: “- a comunidade, com carências
de opções de ninhos, vai escolher as minhas atrativas e sólidas caixas!” Este
cedo conheceu o belo e leve engano!
Os insetos, próximo a
metade da manhã (com o aquecimento solar), “foram ao mundo”. Elas, pela
surpresa geral, tomaram sentido ignorado (na direção dos brejos e matos). Estas
pareciam conhecer e querer distância da exploração humana. A alternativa
consistia em procurar voar com as próprias asas. As abelhas esforçaram-se pela
autóctone sobrevivência e felicidade. Algumas poucas abelhas, com aparência de
desnorteadas e perdidas, ficaram para trás. Elas, com sua coragem e ousadia,
cedo certamente acharão a companhia das antigas companheiras.
O criador, para
abafar a curiosidade e satisfazer a obsessão, foi conferir e repassar as diversas iscas. Uma tremenda decepção
e frustração diante da excepcional esperteza e sabedoria. A solução foi pensar
na alegria e satisfação alheia e, lá adiante, receber um enxame filho, como
dádiva, nalguma isca. O alívio de consciência relacionou-se ao ganho de
impresvistas comunidades. Esta, de um momento a outro, afluíram as caixas e
fizeram as graças.
Um morador, na
proporção de extrair dividendos dos investimentos, precisa dar um grito de
alegria e satisfação. Este, na proporção de abrir as sobrecaixas das colmeias,
surpreende-se com o especial trabalho desses singelos insetos. Outro, como
aposentado, cercou sua residência com habitadas caixas. Este, em meio ao
tradicional chimarrão, assenta-se no pátio e vislumbra a labuta dos bichinhos.
As idas e vindas, nas atitudes e comportamento, revelam os estados das
comunidades e ninhos. As histórias e relatos, sobre a espécie, não faltam no
cotidiano dos meios coloniais.
Abelhas revelam-se umas contínuas surpresas e daí os
criadores cedo criam uma obsessão pelo seu trabalho. O cidadão, nas inúmeras
situações, não tem como angariar a totalidade das chances. Os enganos e perdas
assim como as conquistas e vitórias acompanham o cotidiano da vida. A
organização social dos insetos dá inveja as sociedades humanas.
Guido Lang
“Singelas
Histórias do Cotidiano das Colônias”
Crédito da imagem: http://blogbioartropodes.blogspot.com.br