Uma senhora, criada no
campo, mantinha uma esperança e sonho! Esta, nos anos de labuta nas colônias,
nunca pode valer-se dos cosméticos e jóias. Esta, a semelhança do pessoal das
cidades, almejava andar enfeitada e perfumada.
As condições financeiras,
como trabalhadora rural, nunca permitiram maiores luxos e ostentações. A sabedoria,
nos anos, consistiu em esperar a aposentadoria. A viuvez acrescentou-lhe ainda uma
pensão (por parte do finado marido).
O transcorrer do tempo,
no iniciar de cada mês, ajuntava valores certos e definidos da previdência. Esta,
muito econômica, pode avolumar algum dinheiro. Os sonhos finalmente puderam ser
alcançados e realizados (depois de décadas num compasso de espera).
A precaução, junto a
São Pedro (protetor das “Portas do Céu”), foi perguntar o número de anos (ainda
disponíveis nesta jornada terrena). O santo, num sonho, revelou a estimativa:
“- Até os oitenta e cinco!” Esta ficou
contente e feliz (estando nos inícios
dos sessenta). A ideia e preocupação era de aproveitar os abençoados e
magníficos dias.
A senhora, agora com
disponibilidade de tempo (para cuidar das aparências e saúde), procurou fazer
caminhadas, passear nas amigas, curtir viagens exóticos... Os bailes, da
terceira idade, eram a principal diversão e sensação. Ela, em meio aos inúmeros
eventos, procurava participar ao máximo. Esta, nestes instantes, ostentava-se
coberta de jóias e embonecada com cosméticos! A cidadã parecia uma “fina flor
do campo” (simplesmente irreconhecível e transformada)!
Um belo dia, antes do
estipulado, adveio a surpresa. Esta se viu chamada aos setenta e cinco. A
senhora, achegando-se ao céu, tratou de interrogar sobre o equívoco. O Criador
tinha-lhe suprimido uns dez anos de vida (um lapso na promessa).
São Pedro, como
auxiliar e guarda no céu, disse-lhe na
hora da recepção: “– Minhas sinceras desculpas! Eu, em função dos enfeites e
jóias, simplesmente não lhe reconheci em meio as minhas tarefas! A multidão
atrapalhou-me nas constatações dos detalhes!” Equívocos ocorrem nas muitas e variadas realidades. A humildade é um princípio da
sabedoria.
A aparência suprime a essência. Certos mimos conquista-se
na velhice. “Quem vê cara, não vê coração!”
Guido Lang
“Singelos Sucedidos
do Cotidiano da Existência”
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