O esporte
amador, nos idos de 1950 a 1980, contraía evidência e paixão. As folgas, na distração,
alastraram prática. As agremiações, em ressalvas, caíam no conjugado das linhas.
Apontadas famílias, na ampla cifra de filhos, poderiam instituir equipes. Os moços,
na alta natalidade, sobravam nos times. A memória oral, nas distintas narrações,
abriga caso das iniciais transmissões. O Zeno, no bem-conceituado arqueiro
(Grêmio Catarinense e Boa Vista), rejeitou fraca bola. O frango, na casualidade,
incidiu no acanhado arremesso. O locutor, na rádio (Alto Taquari/Estrela/RS),
anunciou: “A bola de couro, no chute fraco, advém na goleira. Agarra Zeno!”. O
Zeno, na extraordinária curiosidade, ousara escutar a narração. A lisa bola, na
bobeada e escorregada, atravessou goleira. O narrador, no baque, refez urro:
“Oba! A bolota decorreu entre pernas do Zeno! Gooool!”. O estrondoso disparate,
no histórico fora, transpôs em relatos. A expressão, no “agarra Zeno”, imortalizou-se
no desporto colonial. A vida, no ente,
consagra artifícios e surpresas.
Guido Lang
“Fragmentos de Sabedoria”
“Fragmentos de Sabedoria”
Crédito da imagem: http://bolasdefuteboll.blogspot.com.br/