Os pioneiros, na proporção de ter
combinado a aquisição do lote com a companhia colonizadora, precisaram tomar as
iniciativas da instalação. Procuraram, de encaminhado ao respectivo lote,
visualizar o cenário, quando, de uns duzentos a quinhentos metros da estrada
geral, tomaram os preparativos à instalação. Visualizaram, no interior da
floresta, algum lugar meio plano à construção de moradia provisória. Preocuparam-se,
de imediato, com a existência de alguma fonte, que pudesse fornecer água e
fosse inesgotável. O abastecimento ostentava-se ponto crucial para qualquer
iniciativa colonizadora.
O poço localizado e estabelecido
partiu-se a limpeza de um espaço, no qual pudesse ser improvisado algum recanto
de moradia. Alguma madeira improvisada, coberta de vegetais, mantinha-se abrigo
transitório, enquanto iniciava a devastação da vegetação. Foices, machados e
serras, do clarear ao anoitecer, com breves intervalos ao descanso, tomaram a
primazia do trabalho. A conquista contínua e progressiva, na direção das
dimensões do lote, tomava vulto, no que, a derrubada de algumas árvores dava
sentido à primeira clareira. Esta, a cada dia e durante anos, ampliava-se e estendia-se
das baixadas na direção das encostas.
O secamento da resteva/vegetação,
depois de três a cinco semanas, levou ao passo da queimada, quando a limpeza
generalizada, com exceção da abundante madeira, possibilitou a semeadura das
primeiras sementes. A preocupação recaiu sobre o milho, feijão preto, abóbora,
batata, mandioca... As progressivas colheitas levaram a subsequente criação de
animais, que foram sendo introduzidos, em casais, à multiplicação. Precisou
multiplicá-los para lá adiante pensar em abatê-los. A fauna silvestre, no
interim, fornecia alguma carne, enquanto o abate de bovinos, galinhas,
marrecos, gansos, perus e suínos fosse inviável. Convivia-se com os mínimos
recursos, quando vendas ficavam a distâncias, o intercâmbio, de informações agrícolas, fazia-se com os esporádicos conhecidos, enquanto, dentro das
possibilidades, mantinha-se próprias experiências.
O curioso relaciona-se a solução das
dificuldades, que viam-se desafiados na proporção do surgimento. Refiro-me aos acidentes, doenças, mercado,
entidades comunitárias... Alguma vizinhança, dentro do espírito da
solidariedade, auxiliava na definição de locais (cemitérios e escolas). A
experiência de uns com a conversa informal ostentava-se escola aos demais.
O
desafio maior e único ostentava-se vencer e vencer, caso contrário, perecer e "dormir" no silêncio da eternidade. Primeiros anos de uma odisseia ímpar com
razão de criar os esteios de uma nova civilização, que, européia, precisou
adaptações próprias às necessidades do ambiente. O resultado, nos anos de 1868
até 1908 (Colônia Teutônia), foram de “semear localidades/picadas” no contexto
das inúmeras paragens do Arroio Boa Vista (afluente do Rio Taquari). Os lugares
progressistas e produtores deram lugar a diversas comunas (Teutônia, Westfália
e Imigrante), que são referência nacional a inúmeros itens do índice de
desenvolvimento humano.
Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
Crédito da imagem: http://www.ifch.unicamp.br/ihb/teses.htm