Um suinocultor,
depois de meses de cuidados e tratos, abateu o ímpar porco gordo. Uma
abundância de derivados e produtos, depois de esmiuçado as partes, viu-se
formada em banha, carne e torresmo.
O proprietário, a uns
achegados e próximos, resolveu doar algum “tira gosto” (pedaço). Alguma fritada
de carne fresca e singelo experimento de torresmo via-se como variação de
cardápio. Alguma banha oferecida como remédio às feridas!
Uns, junto aos
familiares, comentaram: “- Quê bom coração ostenta esse homem! Este carece do defeito
do ciúme e inveja aos semelhantes!” O conceito, em consideração e fama, aumentaram
ainda mais no meio comunitário!
O colonial, em
assados e filés, guardou o melhor à sua gente. Os filhos, genros, noras e
netos, nos finais de semana, advinham à residência. Um bom assado de forno ou
excelente churrasco de porco via-se apreciado e degustado. Um bálsamo, em meio
aos variados cortes, oferecidos aos paladares (com razão de manter e repetir a
visitação).
O idêntico, no êxito
das campanhas eleitorais, aplica-se na hora da instalação das administrações.
Os vencedores, através das coligações e partidos, reservam-se o melhor dos
cargos e ganhos.
Os técnicos, os reais
capacitados às funções, vêem-se colocados à margem. Os desafetos mudam de lado
ou são deslocados nos postos do ostracismo. Os aventureiros e forasteiros
coordenam e mandam nos desígnios públicos!
Uns muitos, em poucos
anos ou décadas, avolumam fortunas. “Nem Freud”, com esses salários e ônus de
campanha, explica tamanha habilidade e façanha econômico-financeira! Os
políticos, realmente honestos, costumeiramente saem mais pobres das gestões
públicas como entraram! Os malandros cedo adquirem carrões e edificam mansões!
As cortesias, favores
e mimos, com a “caridade dos contribuintes”, tomam razão aos amigos,
companheiros e parceiros. Os chefes maiores, a cada final de mês, ganham algum
valor proporcionar a chiqueiradas de porcos. A comilança e festança cedo assumem
ares de lambança e ócio!
A legislação, com a impunidade, encontra dificuldades
para abolir ou inibir malandragens e maracutaias. O Estado, com os muitos salários
e vantagens, ostenta-se um especial criador de diferenças sociais. As sobras do
trabalho enriquecem uns muito poucos e mantém nas dificuldades financeiras a
maioria!
Guido Lang
“Singelos Fragmentos
das Histórias do Cotidiano das Vivências”
Crédito da imagem: http://www.parapua.net