Os
dias frios, nublados e úmidos, no sabor do inverno, são flagelos para animais,
humanos e plantas. A falta dos divinos raios do Astro-Rei, coloca a prova as condições
de vida, quando a natureza, num testemunho de fogo, encarrega-se de fazer uma
seleção natural (“procura testar a eficiência do velho para abrir espaço ao
novo”). A realidade, na situação dos fatos, mostra a “ausência de dó e piedade”,
quando somente os fortes tem o contrato da vida renovado.
O
Sol, na proporção do solstício de inverno, começa a aquecer e ampliar a
luminosidade no Hemisfério Sul, quando paulatinamente singelos sinais de
mudança brotam no contexto dos dias tenebrosos. Olhos atentos, na direção da
fauna e da flora, vislumbram sopros de vida, quando os “entocados saem à
superfície”.
Os
antigos, a gerações, degustiam os singelos sinais, que, no desfecho de julho e
início de agosto de cada jornada, vislumbram os suspiros da natureza. Os
coloniais no contexto das lidas diárias das propriedades, apreciam-nas com
afinco, quando muitos dizem “este inverno já deu o que deu”. O vislumbre, no
alento, sucede-se no florido das árvores (corticeiras, ipês, pereiras,
pessegueiros...) que, das baixadas na direção das encostas, “ostentam
possibilidades de plantar”. As ações das coiviras no cantar e saltitar começam a
procurar lugares de ninho. Amoreiras cobrem-se de folhas e flores. Enxames de
abelhas ousados tomam o rumo do vôo nupcial das rainhas. Sabiás cantam melodias
divinas. A brotação dos vegetais aflora aos quatro ventos...
Os humanos vêem
acirrado o instinto primitivo de mexer com a terra e plantas. Trabalho nas propriedades não falta e tarefas acumulam-se em todos os cantos e recantos. Espécies, há
semanas entocadas ou migradas, afluem às paragens. A vida em um bailado
majestoso ruma a multiplicação e renovação, com razão de eternizar-se no tempo.
O Criador, aos olhos das suas criaturas, revela a sua real face, quando nas
entrelinhas predomina o amor e os propósitos da sobrevivência.
Guido Lang
Livro “Histórias
das Colônias”
Crédito da imagem: http://mauriciomiele.blogspot.com.br/2012/07/agosto-pra-tudo-1-ipe-roxo.html