As
pessoas, no cotidiano da vivência, reúnem-se por alguma afinidade. Estas são as
mais diversas. Salientam-se, a título de exemplos, condições econômicas,
idades, parentescos, profissões, vizinhanças... O certo relaciona-se em querer
estar entre grupos/tribos (como ser social).
Aconteceu,
numa certa localidade colonial, ajuntar-se três moradores. Estes lamentaram o
infortúnio na atividade rural. O beltrano era criador de galinhas; o fulano
cuidava de porcos e sicrano ocupava-se com as vacas. Os três queixaram-se do
impróprio. Entendiam-se deveras dedicados, porém azarados. O sucesso da
vizinhança, de alguma maneira, lhes importunava. Os copos de cerveja acentuavam
as conversações e choradeiras! Outros, enfurnados no ambiente da venda em meio
ao baralho, não deixaram de escutar os queixumes. O comerciante, precisando do
tipo de cliente, manteve-se na aparente imparcialidade. O interessante
relacionou-se as diversas conclusões extraídas dessa conversação.
Os autores foram pensando as razões dos seus
insucessos pessoais. Procuraram daí expor as causas desses fracassos na
atividade rural. O primeiro dizia-se criador: “- As galinhas dão pouca carne e
ovos; penso até em parar na criação”. O segundo, suinocultor, deparava-se com
animais raquíticos e limitadas possibilidades de abate; cogitava em diminuir o
número de matrizes. O tambeiro via as vacas magras pastarem no potreiro; leite,
muito pouco diante da falta de cuidados e trato especiais. Os três, em síntese,
pensaram: “- Os baixos preços não compensam toda a dedicação e demora”. As
criações/ negócios asseguravam modestos dividendos, todavia nada de maiores
sonhos de melhorias de vida.
Os
problemas, na prática, consistiam no desleixo com as criações. As aves, como galinhas
caipiras, dormiam em árvores. As perdas, com a ousadia das raposas, eram
grandes. O milho mal conheciam como trato (ração não passava de esporádica
sobremesa). Os porcos recebiam mísero pasto verde e alguns esporádicos tubérculos.
Animais pareciam atolados em meio aos seus excrementos e restos vegetais. Água
naquele estado turvo em função de dejetos... As vacas degladiavam-se para
sobreviverem na grama natural (potreiro dominado pelo brejo). Algumas forragens
esporadicamente degustavam. A silagem “ostentava-se algum alimentos dos
deuses”... Os criadores, na prática, queriam distância de maiores obrigações e trabalhos.
Desejavam atender as tarefas conforme as conveniências dos seus horários. O
propósito maior era a continua extração e nada de maiores reinvestimentos. “A
sorte parecia-lhes somente morar na concorrência/vizinhança”. O bondoso Deus,
na sua compreensão, mostrava-se inclemente com eles, porém tão benigno com
outros.
O camarada precisa cuidar da própria
sorte e daí solicitar as bênçãos divinas. Deus abençoa quem também se auxilia (com
esforço, inteligência e trabalho). Uns, diante do próprio descaso e desleixo, não
tem como aconselhar e ajudar! A escola de vida tem sido o melhor professor para
desleixados e teimosos.
Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://aryadnehemmyly.blogspot.com.br/2011_01_01_archive.html