Achegou-se a época do
plantio! As sementes precisam ser colocadas no solo. As plantas, do inverno,
exterminadas. Pulverizações, com herbicidas, ganham importância. Lavouras cedo
ostentam um amarelado (a semelhança dos trigais). A hecatombe dos inços, vegetação
de inverno (como azevéns e aveias), tornara-se realidade. Objetivo: abrir espaço
às culturas tradicionais (feijão, hortaliças, mandioca, milho...). O plantio
direto, em meio a inços e brejos, tomara forma. Um verde, em dias, brota das
sementes enterradas.
A realidade, no entanto,
ostenta uma faceta despercebida/ignorada. A rotina segue os ventos da inovação
(revolução agrícola/verde). O plantio direto mostra-se uma maravilha. O inço
morre e as culturas desenvolvem-se no ínterim. Tempo é dinheiro! Nenhum pode
ser perdido com vistas de fazer várias safras (no mínimo de duas a três por ano).
As condições meteorológicas, através das “graças de São Pedro”, ajudam com alguma
chuva. A produção multiplica-se. A fartura traz preços bons ao abastecimento
das cidades e exportações. Governos mantém-se estáveis. Protestos de rua
inexistentes. Cofres abarrotados de divisas. Obras espalhadas aos quatro
ventos. Empregos em abundância. A qualidade de vida instala-se nos cantos e
recantos!
Um singelo detalhe
vê-se despercebido/ignorado com os ventos da modernidade. Como ficam elementos
da fauna? Aqueles que alimentam-se das sementes, frutas, brotos? Os comedores
dos besouros, cupins, formigas, grilos e larvas? Eles parecem “pagar parte do ônus”
do extermínio (em função da extrema sensibilidade). Os ambientalistas, são
combativos na hora de estabelecer multas e taxas, parecem ignorar os fatos
(diante do poder de conglomerados industriais/multinacionais e magníficas
arrecadações governamentais em tributos).
As massivas aplicações
parecem explicar a ausência de aves tradicionais. Falo dos companheiros
chupins, pomba rolas e tico-ticos. Estes ostentam-se escassos ou sumiram do cenário
rural. Os outrora bandos fazem extrema falta nos pátios coloniais! Os gatos,
como prato excepcional, igualmente lamentam a escassez da presença.
Os ventos da
modernidade mudaram o quadro agrícola. Multiplicou-se a fartura alimentar. Milhões
de litros de herbicidas, na ganância do capitalismo por lucro, foram aplicados
a cada safra. Os discursos são da inércia dos líquidos à fauna. Espécies, no
entanto, somem de forma misteriosa e silenciosa. Migram a outra estâncias ou
paragens? Arroios e rios, nas primeiras precipitações, conhecem e escoam resquícios
dessas aplicações. Estes, aterrados e lixeiras (a céu aberto), abrigam escassa
e sofrida vida. Os outrora poços fundos, berçários de gamas de espécies,
mostram-se raridade. Histórias de caçadas e pescarias, em córregos e valos,
assemelham-se a lorotas (na proporção de narrados pelos mais antigos).
Quê os homens, em nome da ganância pelo dinheiro, querem
fazer desse planeta? Os inocentes, de alguma forma, acabam sendo as maiores
vítimas da insanidade. A superpopulação, do Homem sapins, parece levar a “nave
Terra” a um colapso? Cada indivíduo, com um pouquinho de desperdício e
poluição, contribui para os desígnios duvidosos da mãe terra.
Guido
Lang
Livro “Histórias das
Colônias”
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://surucua.blogspot.com.br/2010/01/aves-urbanas-de-sao-paulo-18-tico-tico.html