Um modesto plantador,
durante anos, comercializava numa venda. A produção de soja era a principal
fonte de renda. O estabelecimento, como ponto de negócios da localidade, era o
local próprio dos escambos e negócios.
O comerciante, em
função da escassa concorrência, valia-se da situação (monopólio) para o precoce
enriquecimento. O produtor, com os punhados de descontos, juros e taxas, desentendeu-se
com o vendeiro. O rural, numa ousadia ímpar, irritou-se e “tirou o mascate de
trás do balcão de atendimento a base de socos e pontapés”. A briga, no contexto
da agressão e discussão, resultou em danos em mercadorias e móveis.
A polícia, às
pressas, viu-se destacada para apartar as partes em conflito. O agressor, como
elemento mais frágil, acabou detido e preso. Ele, para dar o exemplo a outros
produtores e reclamões, conheceu o amargo remédio (da supressão da liberdade).
A desonra, de ter sido preso, somou-se ao fato do registro de ocorrência
policial (eventuais problemas como réu primário).
O aprisionado, numas
boas horas, precisou ficar enjaulado na cadeia pública. O cidadão, uma vez na
solidão da cela (num cubículo na sede da subprefeitura/distrito), tratou de
fazer um excepcional pedido. Conhecidos e curiosos admiraram-se da petição.
Amigos e familiares
deveriam trazer-lhe livros e revistas. Este, às valiosas horas, aproveitou para
fazer uma folga nas jornadas rurais. A ideia, para abreviar a angústia e
solidão, foi de valer-se das leituras.
O castigo, como pausa
momentânea, serviria como descanso. A oportunidade como um tempo para aprimorar
conhecimento e espírito. Este ímpar comportamento, de alguma forma, intrigou e mexeu
com os íntimos (do agredido e autoridades policiais). Os livros, como companhia
e parceria, afastam os flagelos do isolamento e solidão! O leitor, através das entrelinhas
e palavras, viaja nas ondas do mundo!
O castigo de uns serve de colírio aos olhos de outros. Coloniais,
enjaulados nas penitenciárias, consiste num fato raro. A tradição oral versa: “A
cadeia foi igualmente construída para abrigar gente”.
Guido Lang
“Singelos Sucedidos
no Cotidiano da Existência”
Crédito da imagem: http://direitoemdestaque.wordpress.com