Um certo produtor, deveras
detalhista nas suas atividades, comprou rações. O tambo, para manter a produção
(das vacas), exige cuidados e inovações (complemento de nutrientes). Uns
animais, na prática, mostram-se mais reparados como certos humanos. Os
investimentos e valor genético, no sistema capitalista, justificam os
excepcionais cuidados e reparos. A realidade inveja certos semelhantes e afronta
o princípio cristão “do amor ao próximo”. Os humanos com suas contradições e
hipocrisias!
O rural, como de
hábito, foi adubar suas lavouras e pastagens. A silagem e o pastoreio exigem
uma frequente reposição de nutrientes caso contrário o solo não comporta o
manejo excessivo. Os estercos, de aves, gado e suíno, reforçam a fertilidade. O
produtor, reparando o desenvolvimento das plantações (adubadas), observou um
detalhe. Uma forragem nova, num único pé, advenha trazida entre os dejetos dos
animais. Este, de forma contínua e paciente, observou o desenvolvimento da nova
forragem. Tinha, na certa, sido trazido entre rações.
A forasteira adequara-se
deveras bem ao novo habitat. O ambiente parecia-lhe próprio em função do
massivo desenvolvimento. O produtor observou o ciclo e procurou deixá-la criar
sementes. Este daí colheu-as e replantou-as em nova área (preparada própria à
função/bem adubada e corrigida). As dezenas de grãos, colhidas com esmero, deram
origem a dezenas de plantas. Estas, noutro ciclo, ocuparam um raio de dois
metros quadrados. Um único pé, de algum centímetro quadrado, multiplicara-se em
medidas bem maiores. A dedicação e paciência, com a espécie, estendeu-se para o
terceiro ano. A multiplicação, no momento atual, já poderia encher uma lavoura (com
as sementes disponíveis). Testou-se, ao longo do processo, a qualidade da
forragem. O gado degustava-o de forma excepcional.
O morador, no
ambiente da localidade, tinha sido instrumento da introdução de nova cultura.
Outros colegas, produtores, ouviram referências e solicitaram exemplares. Ganharam-nos,
como cortesia e precaução de perpetuar a espécie, diante da casualidade de
algum eventual desastre. A colheita, do quarto ano consecutivo, possibilitaria
encher a propriedade (por inteira) com a quantidade de sementes auferidas.
Cultivou mais alguma área e propagou, entre o círculo dos muitos próximos
(familiares e vizinhança), sua majestosa planta.
O exemplo demostra a
preocupação colonial com o melhoramento genético. Novas culturas, bem mais
produtivas, sempre são bem vindas. A domesticação das plantas, ao longo dos
séculos, trouxe o milagre da produção. As rações, disseminadas nas últimas
décadas, difundiram uma gama de espécies. A maioria, na prática, constituiu-se
em belos inços. Alguns, só com herbicidas potentes, para eliminá-los no
contexto das lavouras. Costumeiramente a natureza sempre resguarda alguma planta
para manter viva a espécie.
O capricho e a dedicação enobrecem o trabalho. Os homens,
com os modernos meios de deslocamento e transporte, tornaram-se grandes disseminadores
de espécies assim como flagelo em função da introdução de impróprias. Um
modesto grão, muitíssimo singelo, pôde revolucionar toda uma realidade. Os
grandes feitos costumeiramente iniciam com modestas práticas.
Guido Lang
Livro “História das
Colônias”
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://br.viarural.com/agricultura/defensivos-agricolas/basf/pastagem.htm