Um morador, no
interior duma chácara, mantinha uma paixão. Esta relacionava-se a criação de
aves. Estas, com ampla liberdade, incursionaram por brejos, lavouras e matos.
O dilema adveio com o
elevado número de sumiços. Os graxains e eraras degustavam-se com as presas (de
forma desenfreada). A caçada, em função da excessiva astúcia animal, tornara-se
uma impossibilidade. Como dar um jeito naqueles inimigos naturais?
O criador, tendo um
amigo da terra, valeu-se da experiência e sabedoria alheia. O parceiro, como exímio
conhecedor da fauna silvestre, deu-lhe uma modesta solução. Esta encontrar-se-ia
numa fácil construção.
A sugestão consistiria
em construir uma gaiola. Esta, no seu interior, teria dois compartimentos! Uma
para prender algum chamarisco. Outro compartimento seria próprio ao inimigo. A
caça, nalguma madeira ou tela (como divisão), não podia consumir a isca.
O artefato, de uns
oitenta centímetros quadrados, via-se instalado nas cercarias dos brejos e matos.
Algum galo, como chamariz noturno, seria enjaulado como presa. Este, nalguma
altura, daria o seu tradicional cocoricó da matina. Um prato cheio aos inimigos!
O procedimento, após
a construção, foi efetuada na primeira oportunidade. Um alçapão, com alguma
isca instalada, levou ao fechamento (na proporção de mexidas num ferro semi-prendido).
A portinhola/tampa caiu e cerrou o bicho no interior. O caçador, de imediato,
acabou sendo a caça!
O sucesso foi completo.
Algum vizinho cedo pedir a construção por empréstimo. Outro inspirou-se no
exemplo para confeccionar a sua gaiola. Uma gama de esfomeados e ferozes
inimigos cedo caiu na armadilha!
Esperto de quem vale-se da experiência e sabedoria
alheia. O gênio humano, diante das primeiras adversidades, cedo improvisa
monstrengos e inventa soluções. A morte, em função da fome, rodeia quaisquer seres!
Guido Lang
“Singelas Crônicas
do Cotidiano das Existência”
Crédito da imagem: http://folhaderiachao.blogspot.com.br