Uns netos queriam
saber os segredos econômicos/financeiros da vó. Ela, como moradora do interior
e pacata senhora, nunca tivera maiores ganhos, porém mantinha uma excepcional
qualidade de vida e ostentava polpuda poupança. Como conseguira avolumar e
fazer milagre com os esparsos dividendos?
Os descendentes, nestas idas e
vindas nas suas visitas, queriam detalhes/
explicações: “- Vó! Você advém duma descendência de tradição abonada?
Como a família conseguia acumular poupança e terras? Comenta-se inclusive histórias
de tesouros enterrados nos tempos idos
das revoluções? Queremos conhecer facetas da sabedoria financeira? Os
moradores, no conjunto da vizinhança, falam
e respeitam a bonança familiar. O vó foi o pioneiro em comprar veículo,
terras nas áreas de colonização, investiu pesado na formação
dos filhos?”...
A geniarca, onde desinteressa o
nome, satisfez a curiosidade. Ela, numa conversa informal (no dialeto germânico),
foi explicando uns princípios financeiros básicos. Quem, com disciplina e
organização, as segue mantém o controle monetário e reservas (ao infortúnio). Carece
de labutar de forma adoidada, aborrecer-se com débitos, implorar créditos,
passar noites de insônia, receber ligações indigestas... Mantém-se “dono do
próprio nariz e tempo”.
Os princípios básicos, a grosso
modo, consistem: “- Nunca gaste mais do que que tuas reais necessidades. Extraia
da natureza o imprescindível a
modesta vida. Produza sobras no teu trabalho! Gaste menos do
que o real ganho. O pouco, de cada dia, cedo avoluma-se em exorbitâncias. Investe,
dentro das possibilidades em boas ferramentas e instalações. O fato aumenta a
produção! Carece de emprestar! Quem costuma solicitar empréstimos
costumeiramente ostenta-se péssimo administrador/gerenciador dos recursos
próprios! Compre à vista e seja o dono
das regras dos negócios! Mantinha ativos ao alcance da mão (para algum
excepcional negócio). Para completar, meus queridos, não esqueçam: 'o dinheiro
governa o mundo' e excessiva afobação resulta em prejuízos”.
A beltrana, em poucos anos, pereceu!
Um e outro somente seguiu as recomendações. Estes disciplinados e esbeltos mantiveram
a tradição da bonança. Outros orientaram pelos impulsos/ventos da modernidade;
recorreram ao crédito fácil e rápido. Defrontam- se com o endividamento e
carestia; fizeram descaso e alimentam/sustentam as instituições de crédito. O
segredo não é abocanhar fortunas salariais, porém gerenciar e multiplicar os
dividendos. A fama de pão duro manteve-se no seio familiar. Deus abençoa quem se abençoa (com
conhecimento e mãos laboriosas).
A
mente milionária ostenta-se um princípio básico de um clube seleto de
indivíduos. Finanças organizadas mostra-se um motivo de admiração alheia e
revela novas oportunidades de negócios. Não basta apenas ouvir os conselhos
financeiros, é necessário colocá-los em prática.
Guido Lang
Livro: “Histórias das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://fmanha.com.br/blogs/bethlandim/2011/11/12/roubaram-o-ouro-agora-o-petroleo/