Uma turma, de seletos
coloniais no conjunto da classe profissional, mantém-se atentos observadores da
influência da Lua (nas criações e plantações). Eles, ao longo de anos e
gerações, observaram o poder do satélite natural nas produções primárias.
Diferenças acentuadas verificaram-se nos resultados (em função da
realização ou não de certas tarefas em determinada lunação). Pode
parecer uma excepcional fantasia porém a ausência ou presença do reflexo lunar
cria interferências.
Inúmeros
produtores, de maneira geral, sabem a lunação presente no cotidiano das tarefas
rurais. A data, dessa ou daquela, leva ao atraso ou não da concretização das
tarefas agrícolas. Eles, de memória, mantém todo um calendário mental e continuamente,
nas conversas informais, complementam com novas informações.
Alguns, a título de experiência, fizeram testes de épocas de plantio, colheita,
castração... Depararam-se com diferenças acentuadas na circulação do
sangue/seiva entre dias/semanas em função do fator lunar.
Os exemplos de
atividades, com lunações próprias, recomendam-se pelo conhecimento empírico: 1)
Lua Nova: ostentaria-se favorável ao plantio de tubérculos (batata, cenoura,
mandioca, rabanete...) em função ausência da luminosidade própria ainda
para boda de árvores e extração de madeira (a boa lenha). 2) Lua Crescente:
período propício ao plantio de mudas (em função de flores belas e viçosas);
corte de madeiras (nos meses sem “r” no nome) destinada à construção. 3) Lua
Cheia: o momento oportuno a semeadura de `arvores frutíferas; colheita de
plantas medicinais (hastes encontrariam-se repletas de seiva). 4) Lua
Minguante: período favorável a colheita dos cereais (arroz, ervilha,
feijão, milho, trigo) assim como a poda de vegetais (em função de menor
circulação da seiva).
Uns poucos advém
com aquela conversa: -“Planta-se na terra e não na Lua”. Os sucessos agrícolas
desses costumeiramente são menos favoráveis. O sistema capitalista, com sua
ânsia e ganância por dinheiro, não pode ficar olhando os períodos
próprios de cada lunação. A produção econômica precisa fluir para gerar lucros
e fornecer empregos. O consumidor, no final da ponta, paga o preço por
artigos de péssima qualidade. Exemplos pode-se ver nas madeiras,
adquiridas em madeireiras e serrarias, encontram-se cedo infestadas de cupins;
cereais com problemas de excessiva umidade e tomados pelos carunchos
matos de eucaliptos extintos em função de corte em Lua impróprio...
A ação da Lua, na atividade
primária, integra o conjunto dos singelos conhecimentos e habilidades do
colono. Cada qual acredita naquilo que convém e entende fazer diferença, porém
nunca dá para subestimar certas realidades naturais. Conhecimentos empíricos
confirmaram sua eficiência pelas décadas de observância.
Guido Lang
Livro “Histórias das
Colônias”
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)