Um sobrenome
colonial, por décadas e gerações, manteve-se na atividade primária. Uma
tradição trazida da velha Europa e continuada nas paragens da América
Meridional. Terras, lavouras, casa e segredos agrícolas mantinham-se o maior
patrimônio, quando foram paulatinamente acumulados e edificados ao longo da
ascendência familiar.
Moradores, como aparentados, amigos
e vizinhos, intrigavam-se com os sucessos anuais desta família. Esta, a cada
ano, colhia magníficas safras de milho, quando, “num tiro único e certeiro”,
acertavam o período próprio da cultura do cereal. Este, havendo em abundância
na propriedade, permitia a criação farta de aves, bovinos e suínos. Estes, em
decorrência da fartura alimentar e a dedicação do trabalho, pareciam
“desenvolver-se como inço”. O curioso relacionava-se a vizinhos, que ensaiavam
a imitação nos períodos próprios do cultivo do grão.
Conversa vai e conversa vem e num
certo dia vazou o segredo deste sucesso, quando o plantio sucedia-se próprio ao
período das chuvas. O milho, como originário do México/América Central, adora
calor e umidade, quando mantinha-se estas condições com o cultivo na época
própria. Um singelo segredo fazia a maior diferença, quando produzia dividendos
vultosos. A família respeitava um atento observar sobre o comportamento dos
quero-queros (Vanellus chilensis). Estes, em setembro e outubro, faziam seus ninhos nos potreiros e
roças. A época dos ninhos, em lugares das baixadas e banhados, significa pouca
chuva – plantio precoce. Períodos do ninho nos cumes e lavouras, representa
muita precipitação – plantio tardio. As aves, com sua extrema sensibilidade,
pressentem as condições meteorológicas, quando, a família, no comportamento,
inspirava-se para efetuar os plantios.
Qualquer
empreendedor, de sucesso rotineiro, mantêm singelos segredos. Precisa-se de um
norte para efetuar magníficas empleitadas. Os humanos, com a sensibilidade do
mundo animal, têm muito ainda a aprender com estes.
Guido Lang
Livro “História das Colônias”
(Literatura Colonial Teuto-Brasileira)
Crédito da imagem: http://www.ribeiro.tc/2010/06/problemas-ecologicos-no-morumbi.html