Um camarada, como
pacato cidadão, começou a vida econômica do nada (com o tradicional princípio
de “uma mão vazia atrás e outra vazia na frente”). Este, para sobreviver, precisou
labutar em inúmeras profissões e tarefas.
O
trabalho, a título de exemplos, começou como colono, cortador/sapateiro,
técnico agrícola, garçom, educador... O princípio, em todas as empreitadas,
consistiu em ostentar honestidade. “Ganhar o pão de cada dia” com transparência
nos negócios e trabalhos. Conquistar a confiança e consideração dos chefes,
colegas e patrões.
A
vida, nos seus aprendizados diários, ensinaram-lhe alguns sigilos financeiros.
O segredo do dinheiro consistia em fazê-lo produzir por si só do que realmente
trabalhar. Este, a partir de contínuas e esparsas sobras, precisava comprar à
vista (com pedido dos descontos), evitar desperdícios de toda ordem (mesmo em
meio as maiores farturas), investir cotas na geração de dividendos...
O
básico, como segredo dos segredos, consistia em nunca gastar mais do que os reais
ganhos. Algumas sobras, mesmo em míseros reais (a cada final de mês), eram uma
realidade perene (numa espécie de fundo de autofinanciamento). Alguma despesa
imprevista via-se custeada com valores dessas reservas e, na primeira
oportunidade, repostas na quantidade.
Os
negócios mantinham uma sabedoria básica. Jamais subtrair algum real devido a
alguém. O preferível era doá-lo do que descontá-lo! Os comentários e
falatórios, decorrentes dessa subtração, eram bem mais maléficos e onerosos (do
que o real poder de compra desse modesto valor). As conversas e desconfiança
cerravam portas aqui e acolá. O crédito, recebido como dádiva, abria janelas e
portas (em função das amigáveis e boas referências).
O
hábito, dentro das possibilidades, era ostentar um espírito de doador. Amigos,
conhecidos e vizinhos, na proporção das disponibilidades e visitas, recebiam
alguma dádiva/lembrança/mimo. Este, como consideração e satisfação, proporcionava
outras bênçãos (numa espécie de corrente humana).
A
vizinhança, a título de exemplo, eram uma espécie de segurança às necessidade
proeminentes e infortúnios. As pessoas, aos forasteiros, davam amistosas
referências da boa parceria. Amigos e conhecidos mantinham-se predispostos a
ampliar e intensificar relações.
O
comportamento revela uma singela realidade. Os negócios e oportunidades brotam
na medida da amizade e bondade. Estes, na conquistada confiança, encontram-se
nos cantos e recantos dos espaços. Quaisquer iniciativas, com as mãos
milagrosas, frutificam em ricas bênçãos e oportunidades. A sorte acompanha-o
nas várias andanças e atropelos. As diversas vocações, em função do tempo, não
conseguia dar cabo a todas!
A vida é curta para
vivermos no egoísmo e ganância. O cidadão precisa pouco para viver e o muito
convém compartilhar como dádiva com os semelhantes. Deus dá-nos em abundância e
pouco custa dividir quantias dessa fartura. O real tesouro reside na grandeza
de espírito e pouco nas acumuladas porções materiais.
Guido Lang
“Singelas Histórias do
Cotidiano Econômico”
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