A idosa senhora, em
consagrada esposa e genitora, arrastava-se na idade. Os cuidados, na
senilidade, consistiram múltiplos e onerosos. Os afazeres, em decência humana,
mantiveram-se acirrados e complicados. A saída, em sensata altura, afluiu na
internação em lar (de idosos). O tempo, na detença, consumiu árduas e suadas
economias. A aposentadoria, em auferida, faltava de cobrir precisões. O suplemento,
em receitas dos filhos, adveio do bolso. A anciã, em falência múltipla dos
órgãos, acorreu no repouso. O sono, no último alívio, “conduziu no além”. Os
filhos e netos, no enterro e velório, perpetraram aparente descaso (em parco lamento).
A missão, em convivência, fora cumprida (na progredida idade). Os próximos, em
amigos de época, tinham partido no antecipado. A sucessão, em netos e bisnetos,
nutria centro dos cuidados e preocupações. A morte, em certa hora, acorre em sabedoria
e solução. A pessoa, no mundo, acha-se na
real um legítimo passageiro solitário.
Guido Lang
“Histórias
do Cotidiano Urbano”
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