Alguns
colonos, em momentos ímpares, apelaram aos afamados e ousados caçadores. Estes,
nos ambientes das comunidades, vêem-se amplamente conhecidos e comentados.
Ostentam, como num confronto de astúcias e instintos apurados, uma implacável
paixão pelas caçadas. Veem-se, em certas situações, convocados para algum
impróprio (alguém precisa dar algum jeito nalguma inconveniência).
Os
moradores, diante das contínuas perdas de criações e plantações, precisam tomar
alguma medida radical. O bicharedo, como gatos, gaviões, graxains, répteis, atacam
as aves domésticas (angolistas, galinhas, gansos, marrecos, perus, pombos). Os bichos/predadores precisam conhecer um
remédio ímpar (susto com razão de afugentá-los ou incorrer no próprio extermínio).
Os coloniais não podem conviver com a presença ou proceder ao trabalho de
eliminação. Procuram daí apelar ao conhecimento/habilidade dos astutos
caçadores. Estes, com exímios atiradores ou com especial cachorrada, tratam de
abraçar a causa insana da eliminação. O desafio, no confronto de astúcia (humana
versus animal), cedo instala-se no habitat próprio da presa.
O
caçador informa-se dos detalhes da espécie. Planeja e instala tocaia própria as
preferências do animal. Aos felinos costuma ser algum galo, que canta e atrai a
presa. O predador, diante da fome, coloca-se nalgum momento a caminho. O
caçador, para não delatar-se pelo cheiro, enfurna-se nalgum esconderijo (contra
o vento com razão de não ser denunciado pelo cheiro). Estudou, com uma boa
antecedência e precisão, o local do confronto e neste monta algum disfarce. A
vítima, como presa, encontra-se amarrada (em meio ao desespero) e fica a espera
do predador. Ele, de maneira geral, aflui desconfiado e vigilante! Parece prescindir
a tragédia a partir do prato fácil, porém “a dor da fome” impulsiona-o a
prosseguir na empreitada de querer apanhar o chamarisco.
O
confronto de astúcias, nalgum momento/depois de alguma boa espera, acontece em
certo horário, que é comum à espécie. O caçador, pelo tipo de animal, já
conhece as habilidades e preferências. A primeira incursão, com um tiro bem
carregado e certeiro (convicto dos transtornos em não acertar o alvo, capricha
na pontaria), costuma fazer o estrago. O caçador abate o incursor (com razão de
dar um basta aos constantes sumiços). Gaviões, em árvores, costumam ser
abatidos a longas distâncias. A cada caçada excepcional aumenta a fama do
caçador. Os pedidos de outros serviços/trabalhos fluem e recompensas, pelos
dispêndios do tempo, tomam vulto. A legislação ambiental inibe/proíbe os abates,
porém não tem como certas criações e plantações conviverem com vorazes
predadores.
A
astúcia e esperteza humana, em quaisquer ambientes - de aparência inóspita,
nunca pode ser subestimada ou suprimida. Os humanos, uma vez ludibriados/prejudicados
no bolso, cedo mostram a “face oculta”. Os mimos, de fácil degustação, costumam
ostentar excepcionais tocaias. O caçador mata e vangloria-se com a desgraça
alheia.
Alguns
caçadores, em função das ousadas caçadas e pescarias, constituíram reputação
comunitária. Histórias e relatos, na tradição oral, subsistem na memória e ao
tempo. Partes das presas serviram como testemunho dos acontecimentos e relatos.
Outros momentos, alguma fotografia ou testemunha ocular, documenta o ocorrido/sucedido.
O rejuvenescimento da fauna, com a ampliação das florestas, matos e brejos, vem
recriando o velho dilema dos rotineiros ataques às criações e plantações (nas
propriedades coloniais/rurais).
Guido Lang
Livro “Histórias das
Colônias”
(Literatura Colonial
Teuto-brasileira)
Crédito da imagem:http://www.ipvdf.rs.gov.br/