O guaipeca (cachorro),
acostumado com o dono, não cessava de uivar. Este, nas caladas da noite, clama
pelo senhor. A saudade, após a partida, acirra instintos e machuca o íntimo!
A senhora, no sabor
do frio de inverno, estendeu uma velha blusa. A peça, no aroma, ostenta o
cheiro do finado. O parceiro, da singela doação, acalmou-se com o modesto
alento!
O perecimento
sucedeu-se a bons meses! O animal continua a vã procura! Ele, de forma
criteriosa, preocupa-se em ser companhia a enlutada e enviuvada senhora!
A guarda dos bens
mostra-se outra nobre função canina. As saudades, nos dias sucessivos, reforçam-se
nos cheiros e lembranças! O bicho aspira ao retorno do chefe!
Uns animais, em função da extrema afinidade e
sensibilidade, faltam somente falar! As virtuosas pessoas, na derradeira viagem,
deixam infindáveis saudades e profundas lacunas!
Guido Lang
“Pérolas do Cotidiano
das Vivências”
Crédito da imagem: http://todomundoacha.blogspot.com.br