Um senhor, com
deficiência física (paralítico), tornou-se importante referência comunitária.
Este, na proporção dos ditos normais passearem nos finais de semana, ocupava-se
em criar ideias e instruir-se nas leituras. Ele, em décadas, tornou-se
excepcional liderança regional. As dificuldades foram canalizadas na direção do
aprimorar e inovar o espírito.
O cidadão, em poucos
anos, tomou o caminho da política. A preocupação restringia-se as querelas
municipais (nada de maior ascensão nas esferas do Estado e União). Ele, nestas
décadas de atuação, conseguiu os cargos de vereador e prefeito. Este, nas
derrotas e vitórias, pode conquistar muitos adversários e partidários. O sabor,
da empolgação e rejeição, fazia parte das querelas partidárias.
Um determinado
morador, numa “dessas espécies raras da inadequada formação cultural”, externou
sua pérola. O indivíduo, nas conversas informais, dizia: “- Quê o fulano quer
como político? Um inválido desses deveria viver no aconchego da casa! Nada de
correr pelas estradas e pernoitar tarde nas noites em reuniões políticas!” Ele
era um desses ferrenhos adversários e opositores. Uma referência ao nome do
fulano, na sua presença, era uma espécie de implicância e ofensa pessoal.
O político, no calor
duma campanha, ouviu falar dos comentários impróprios do sicrano. Ele, num
encontro ocasional das partes adversas, ouviu da própria boca do morador a
indigesta alusão. O senhor, de forma educada, escutou a conversa. Este, na sua
esperteza e malícia, rebateu: “- O cidadão encontra-se mais abençoado com uma
deficiência física do que ser um dito normal tendo uma mente do tamanho dum
grão de milho”. O ouvinte caiu na real da sua burrice e o “chapéu bem lhe
serviu”. Adeus alusão posterior à deficiência alheia!
Alguns empecilhos servem como trampolim as realizações
maiores. A força de vontade de uns é digna das maiores conquistas e
realizações. “Certos momentos é bem mais sábio silenciar do que falar”. “Quem
fala o que quer, ouve o que não quer”.
Guido Lang
“Singelas Histórias
do Cotidiano da Existência”
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