O Morro da Catarina, com altitude de
416 metros e localização no interior de Teutônia/RS, revela-se um patrimônio
florestal e santuário ecológico ímpar.
A cobertura vegetal viu-se poupada
da ganância colonizadora em função das dimensões dos prazos coloniais e elevação
do terreno. Os lotes continham 150 000 braças quadradas, que, nos termos da Europa,
era um latifúndio. Os pioneiros, como Wenzel Reckziegel, Joseph Tischer Senior,
Joseph Tischer Junior, Wilhelm Schaurig, Franz e Stephar Tischer, Jacob Lang,
Adolf Eggers, Wilhelm Jung, Claus e Heinrich Damann, Nicolaus Nielsen, Heinrich
Hatje, August von Scheven..., trataram de devastar os vales e deixar como
reserva florestal as encostas dos morros. Eles certamente ficaram
impressionados com a imensa Floresta Pluvial Subtropical, que ostentava
centenárias e ímpares espécies de árvores. Uma riqueza, entre outras, de
açoita-cavalos, angicos, cabriúvas, camboatâ, canelas, canjeranas, cedros,
coticeiras, figueiras, gerivás, grápias, guabirobas, guajuviras...
Inúmeras picadas, abertas a base de
facão e foice, sucederam-se para conhecer o tesouro vegetal, que cada dono
ostentava. Estes caminhos, de alguma forma, preservaram-se e permitem a
circulação no seu interior. O forasteiro ou morador, na atualidade, incursiona
nestas trilhas, quando maravilha-se com a exuberância da vegetação, diversidade
de vida, tamanho de troncos... O aventureiro tem a noção de retornar aos
primórdios da colonização, quando a floresta, com seus animais, eram os reais
proprietários do espaço. Exemplares rasos e volumosos de troncos sobreviveram a
hecatombe da extração. Umbus abrigam seres no interior dos ambientes secos.
Salientes cipós, com tamanhos de arbustos, entrelaçam-se entre galhos e
troncos. Vertentes brotam para iniciar regatas do curso do Arroio Boa Vista e Arroio Vermelho. Um tapete de folhas, em decomposição, realimenta a fertilidade do
solo. As sementes em meio a umidade, germinam para fazer desabrochar a vida.
Cantos, de infinidade de seres, espalham-se pelo cenário nativo...
Os
proprietários, herdeiros dos patriarcas, preocupam-se em manter intacto o
ambiente, que, com o abandono dos minifúndios (com o cultivo de culturas
anuais), vê-se rejuvenescido com o acréscimo de áreas. O mato, do Morro da
Catarina, provavelmente ostenta a maior Floresta de Teutônia, quando, como
herança aos sucessores, é “uma espécie de parque colonial privado”.
Guido Lang
Livro “Histórias
das Colônias”