Os
pioneiros, em terras brasileiras, criaram os relatos das caçadas ímpares.
Inclui-se aí a brincadeira da caçada das Nhonhas. Uns singelos bichinhos
inexistentes, moradores dos brejos, matas e roças, próprios para fisgar os
extremamente chatos e espertos; contadores de excepcionais vantagens e
“contínuos donos da razão”.
Os
forasteiros, advindos das paragens mais distantes do país, afluem às
comunidades de colonização alemã. Eles cedo ganham a amizade e simpatia da
alemoada. Os naturais querem ouvir histórias das origens, no que alguns
exageram na dose das espertezas e narrações. Compreendem-se muito astutos e
espertos para os pacatos moradores. O pessoal convida os falantes para alguma
caçada. A prática consiste em apanhar Nhonhas, dizem ser do tamanho
dos preás no interior dos lugares o qual são retirados. O forasteiro ganha
a sublime missão de parar e abrir o saco no contexto de algum trilho. Os
colegas, em número variado de umas poucas unidades, tratam de entocar os
bichinhos. Estes, adoidados em função da algazarra e correria, procuram refúgio
na primeira possibilidade de toca. Sucede-se, em meio ao desespero, destes
entrarem no saco e o abridor fechá-lo no momento oportuno. O curioso, os ditos
amigos, abandonam sua função; dirigem-se para casa, em meio às
gargalhadas, deixam o ingênuo “plantado” até desconfiar do trote aplicado.
Sucedeu-se,
num encontro de jovens (de determinada confissão religiosa), prenderem um
bichinho desses. O povão tinha ouvido falar das Nhonhas, porém nunca tinha
visto alguma. Este muito bem acondicionado e guardado numa caixa (deveras fechado),
pode ser apreciado/enxergado. Procurou-se, no interior duma sala, colocar a
caixa com o animal. Os curiosos, sob coordenação duma dupla de estudantes,
puderam vislumbrar a espécie.
Cuidou-se,
em função de ser extremamente arisca, deixá-lo olhar de um em um. Uma fila
quilométrica cedo constituiu-se a partiu-se a apreciação. Os guardadores
alevantam a tampa do caixote e, no fundo, no reflexo do
espelho vêem a Nhonha. Um animal diverso conforme as aparências de
cada qual. O resultado foi de extrema gargalhada e vergonha com a exagerada
curiosidade. Os participantes, tendo uma vez visto o bichinho, não faziam
questão de apreciar uma segunda. A imagem, até os dias finais da existência,
ficou-lhes gravada na memória. A Lenda das Nhonhas ("Till-tasf" no alemão)
mantém-se uma história teuto-brasileira. As esporádicas caçadas, com o
esclarecimento cultural na era da comunicação (da globalização), mostram-se
momentaneamente desativadas.
Preservou-se
o ensinamento básico: “-O excesso de curiosidade costuma levar ao ridículo”.
Cuidemo-nos para não embarcar nalguma furada semelhante! As brincadeiras, sem
muitas explicações, são a forma mais derradeira de ensinar certas lições
inesquecíveis da vida.
Guido Lang
Livro "Histórias das Colônias"
(Literatura Colonial Teuto-brasileira)
Crédito da imagem: http://www.novomilenio.inf.br/bertioga/bh004d2.htm
Imagem meramente ilustrativa.
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