Um certo vizinho, de muito bom coração,
foi ajudar o próximo, quando este teve desconhecimento e dificuldades de
cultivar sua roça. Foram dias e semanas, na época própria da primavera, de
lavração e plantio, no que, com o trabalho (de bois e braçal) não faltou. O milho,
mandioca, feijão, hortaliças e pastagens ganharam atenção com razão de
garantirem a subsistência familiar.
O tempo, como de práxis, escorreu rápido!
O cochilo, de bom coração, levou ao relapso da sua propriedade, que lhe atrasou
o preparo da terra e cultivo. O verão adveio antes do imaginado e a estiagem
tomou forma. As culturas viram-se abaladas em cheio, no que pouco colheu de
produção. Pensou, com a frustração da safra, contar com a solidariedade do
vizinho, que então “fez-se de desentendido”. Entendia-se feliz e realizado com
a ampla produção, que, na época própria das atividades, rendeu magníficos
frutos. Primeiro o próprio e daí pensar na caridade alheia! O cidadão ajuda e
orienta e, na proporção de precisar, encontra-se abandonado e sozinho.
O idêntico aplica-se nas municipalidades:
contribuintes pedem máquinas aqui e acolá, para isso e aquilo. Os prefeitos,
para avolumar votos, atendem os aterros, cargas de brita/saibro, consertos das
estradas de acesso, canos á canalização... O tempo transcorre e as estradas de
chão deterioram-se no contexto nas colônias. Advém o período das chuvas e o
caos instala-se nas vias de deslocamento de chão batido (nas estradas gerais).
A população reclama como um todo, quando, lá adiante nas urnas uns lembram e
outros não, dos favores dispêndios. O ente público primeiro necessita atender
bem suas obrigações, no que pensar em auxiliar e atender necessidades dos
eleitores.
O
retrato das estradas é o melhor aspecto da eficiência duma administração. Os
prefeitos, como chefes, precisam acompanhar e zelar pelo pleno funcionamento
das instituições e obrigações públicas, no que visitas de surpresas são meios
de conhecer as realidades e melhorar serviços. Priorizar, primeiro o próprio,
com extrema eficiência para daí pensar no bem privado e na caridade alheia.
Guido Lang
Livro ‘’ Histórias das Colônias’’
(Literatura Colonial Teuto- brasileira)