A memória
colonial narra uma lenda sobre a aparente esperteza do macaco, quando este foi
contratado para ser juiz de paz.
A história
inicia com dois ratos, que, numa propriedade rural, roubaram queijo. Uma
família, tendo problemas com a acidez do leite, confeccionou um saboroso
queijo, no qual os roedores, com os hábitos noturnos acirrados, percorreram os
espaços imagináveis e inimagináveis da propriedade. Descobriram o produto e
surrupiaram-no! O macaco, como amigo, ganhou a incumbência de dividi-lo pela metade,
quando não tinha balança para dar as medidas exatas. Ele, a cada aparente
diferença de equilíbrio, comia parte desse ou daquele lado, quando “fazia este ato para igualar as partes”. Procurava, na prática, desequilibrar uma parte com razão de poder
morder a outra! Foram-se algumas dentadas, quando praticamente nada sobrou do
volume original. Este, uma vez satisfeito, deixou unicamente as migalhas como
sobras, quando os roedores saíram na maior insatisfação e prejuízo. Aprenderam,
daquele dia em diante, a encontrar uma solução comum as suas diferenças e nada
de terceiros para ajustar arestas.
Um bom exemplo para aqueles, que, a qualquer
pretexto, recorrem à solução dos entendidos da lei. Os ônus, das querelas,
acabam delapidando o patrimônio, quando, no final das contas, pouco sobra em
valor (em função dos dispêndios em burocracia, serviços e tempo).
Guido Lang
Livro “Histórias das Colônias”
Crédito da imagem: http://fmanha.com.br/blogs/lucianaportinho/2012/06/28/o-macaco-bem-informado/